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desemprego em sc é o menor do país e pe tem o maior

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LEONARDO VIECELI
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

Paula Lima, de 28 anos, mudou-se para Santa Catarina em fevereiro de 2022 para buscar melhores oportunidades de trabalho.

Ela deixou para trás sua profissão de cabeleireira e a vida em Duque de Caxias, região próxima ao Rio de Janeiro.

Três anos e meio depois, Paula não se arrepende da decisão. Investiu em cursos técnicos e conseguiu quatro empregos diferentes no Sul do Brasil.

Atualmente, trabalha na área administrativa de uma concessionária de veículos e mora com seu filho em São José, na região de Florianópolis. “Aqui encontro muitas chances de crescer”, diz ela.

Já em Recife, Pernambuco, a realidade é diferente para Alex Sales dos Santos, 54 anos, que está há cerca de um ano procurando emprego formal.

Santa Catarina e Pernambuco mostram as diferenças no mercado de trabalho do Brasil, mesmo após a recuperação econômica pós-pandemia.

No estado de Santa Catarina, a taxa de desemprego caiu para 2,2% no segundo trimestre de 2025, o menor índice já registrado no país e na própria história do estado.

Enquanto isso, em Pernambuco, o desemprego está em 10,4% no mesmo período, a maior taxa do país e a única acima de 10% entre os estados brasileiros.

Diferente de Santa Catarina, Pernambuco ainda não conseguiu atingir suas menores taxas de desemprego, que foi de 7,4% no último trimestre de 2013. Durante a pandemia, chegou a marcar 21,8%.

Estas informações vêm da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, que acompanha o mercado de trabalho desde 2012.

No Brasil, a média de desemprego caiu para 5,8% no segundo trimestre de 2025, o menor índice da série histórica e a primeira vez que ficou abaixo dos 6%.

Assim como Paula, Alex também morava em Duque de Caxias, mas mudou-se para Pernambuco há mais de dez anos para trabalhar. Hoje, ele faz trabalhos temporários e quer garantir um emprego fixo. “Aceito qualquer trabalho digno, o importante é sustentar minha família”, afirma ele.

Enquanto procura emprego, Alex conta com o apoio da esposa e de um projeto social chamado Samaritanos, que o ajuda na busca por trabalho.

O economista Bruno Imaizumi, da consultoria 4intelligence, destaca que o mercado de trabalho no Brasil tem melhorado, mas de forma desigual entre os estados.

“O Brasil é um país com grandes diferenças regionais, o que explica muito da situação atual”, explica.

situação em pernambuco

Pernambuco tem a maior taxa de desemprego do país desde o segundo trimestre de 2024.

Nos últimos anos, apenas cinco estados do Norte e Nordeste ocuparam essa posição: Amapá, Bahia, Rio Grande do Norte, Sergipe e Alagoas.

O economista Edgard Leonardo Lima, professor no Centro Universitário Tiradentes, diz que Pernambuco tem uma história marcada pela desigualdade social, reflexo desde os tempos da escravidão, e isso afeta o mercado de trabalho até hoje.

Além disso, a economia de Pernambuco é menos diversificada, com setores produtivos menores.

Por isso, o estado busca melhorar sua infraestrutura para ligar a capital Recife ao interior, onde muitas cidades ainda dependem de programas sociais e da agricultura familiar.

O sociólogo Sidartha Soria e Silva, da Universidade Federal de Pernambuco, aponta que o setor da construção civil sofreu com a redução de obras, principalmente após o término das obras no porto de Suape, levando a demissões.

A ocupação nesse setor caiu de 353 mil pessoas em 2013 para 267 mil em 2025.

Sidartha destaca que, diferente de Santa Catarina, Pernambuco tem uma história de concentração de riqueza e muita desigualdade, consequência da escravidão e monoculturas.

Ele defende que esforços públicos e privados sejam feitos para criar empregos e qualificar a mão de obra.

A reportagem tentou contato com o governo de Pernambuco sobre os dados, mas não recebeu resposta.

situação em santa catarina

Santa Catarina tem a menor taxa de desemprego do país, graças a uma economia mais diversificada, com indústrias variadas, agropecuária e turismo no litoral, segundo o professor Lauro Mattei, da UFSC.

Mattei acredita que políticas nacionais, como o aumento do salário mínimo, também ajudaram a expandir a economia e gerar empregos.

Apesar da boa fase, ele alerta que o estado não é perfeito, pois ainda há cerca de 101 mil pessoas desempregadas na região.

Além disso, a informalidade no trabalho é de 24,7%, o que significa que um em cada quatro trabalhadores não tem emprego formal com direitos garantidos.

O secretário do Planejamento de Santa Catarina, Fabricio Oliveira, relacionou os bons resultados à gestão do governo estadual e destacou o momento de confiança para trabalhadores e empresários.

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