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sexta-feira, 22/11/2024
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Descoberta indica que Igreja Católica já teve uma mulher como Papa

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PAPA JOANA TERIA DADO À LUZ UMA CRIANÇA, DIZ UMA TEORIA (FOTO: GIOVANNI BOCCACCIO/WIKIMEDIA COMMONS)

Lendas medievais afirmam que a Papisa Joana teria sido a primeira e única papa mulher do mundo. E uma nova pesquisa com antigas moedas de prata sugere que as teorias podem ser verdadeiras.

Segundo as histórias populares, um papa chamado Johannes Anglicus (ou João) que reinou em meados do século 9, era na verdade Joana, que chegou a dar à luz durante uma procissão da igreja. Contudo, há muito debate sobre a sua existência. Parte da dúvida vem da confusão na descrição das identidades dos papas naquele período. Por exemplo, uma cópia de “Liber Pontificalis” (livro de biografias de papas) não inclui o papa Bento III, conforme apontou Michael Habicht, arqueólogo da Universidade Flinders, na Austrália.

Quando Habicht estava investigando enterros de papas em Roma, na Itália, ele encontrou símbolos que mostram que a mulher pode ter realmente existido. “No começo, eu também acreditava que a história era mera ficção, mas quando fiz uma pesquisa mais extensa, surgiu a possibilidade de que havia mais por trás disso”, ele disse em entrevista ao portal Live Science.

O arqueólogo analisou moedas de prata conhecidas como deniers, que foram usadas na Europa Ocidental durante a Idade Média. O nome vem da antiga moeda de prata romana conhecida como Denário. “Elas são muito pequenas, talvez do tamanho de 1 centavo ou 25 centavos dos Estados Unidos”, comparou.

Os “deniers” foram cunhados com o nome do imperador dos francos de um lado e o monograma do papa – um símbolo com as iniciais de uma pessoa – do outro lado. Habicht concentrou-se em moedas anteriormente atribuídas ao papa João VIII, que reinou de 872 a 882.

REPRESENTAÇÃO DAS MOEDAS ESTUDADAS (FOTO: MICHAEL HABICHT)

Ele disse que, embora alguns deniers possuíssem um monograma pertencente ao papa João VIII, os anteriores tinham um monograma diferente. “O monograma que pode ser atribuído a João VIII tem diferenças na colocação de letras e no design geral”, afirmou Habicht.

Para ele, essas outras moedas podem ter pertencido a papa Joana. Habicht também estudou fontes históricas que sugeriam que um papa João reinou de 856 a 858. Por exemplo, o cronista Conrad Botho relatou que um papa Johannes coroou Luís II da Itália como Sacro Imperador Romano em 856. “O monograma foi o precursor da assinatura de hoje”, ele falou. “Assim, provavelmente podemos até ter uma assinatura da papa Joana.”

Habicht sugere que a sequencia dos papas em meados do século IX deveria incluir Leão IV de 846 a 853, seguido por Bento III de 853 a 855, Johannes Anglicus de 856 a 858 e Nicolau I de 858 a 867.

Segundo Habicht, textos da literatura científica sugerem que as moedas estudadas não são falsas. “Quase não há mercado de colecionadores para essas moedas medievais”, ele comentou. “Os falsários não estão interessados ​​em fingi-las Alguns anos atrás, algumas moedas de papas do século 9 foram oferecidas em um leilão em Nova York. A maioria não foi vendida e devolvida ao proprietário”.

Para o arqueólogo, descobrir se Joana existiu pode ajuar a entender o papel das mulheres na igreja. “O debate sobre a ordenação feminina na igreja ainda está em andamento. Alguns vão abraçar meu estudo e encontrar outras evidências para os sacerdotes do gênero feminino nos primeiros séculos do cristianismo”, disse Habicht. “Outros rejeitarão completamente a ideia e farão um grande barulho na mídia contra tais alegações.”

Fonte: Revista Galileu

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