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domingo, 12/10/2025

Desafios do Plano da Petrobras para 2026-2030 no ano eleitoral

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A Petrobras enfrenta um grande desafio com a queda no preço do petróleo, que hoje está em torno de US$ 60 por barril, enquanto o plano de investimentos para 2026-2030 foi elaborado considerando um preço mais alto, próximo a US$ 80. Isso forçará a empresa a decidir entre assumir mais dívidas ou reduzir seus investimentos, o que é delicado especialmente em um ano eleitoral.

Para evitar endividamento ou cortes drásticos, a Petrobras poderia postergar alguns projetos, pois uma queda significativa na receita afeta diretamente o orçamento. A diretoria da empresa, segundo informações do Broadcast, pretende manter os projetos, mas ajustando o valor total investido de US$ 111 bilhões para cerca de US$ 100 bilhões, decisão ainda em aberto.

Num ano eleitoral, é esperado que projetos importantes não sejam cancelados, apenas adiados, com um aumento dos projetos em avaliação, que hoje somam cerca de US$ 16 bilhões. Além disso, a empresa busca otimizar seus custos, posição defendida pela presidente Magda Chambriard. Aumentar a dívida não é visto como opção viável, já que a empresa mantém uma política rígida sobre seu endividamento.

Um analista, que prefere não se identificar, destaca que o plano deve ser autofinanciado, sem necessidade de empréstimos extras; o teto da dívida, fixado em US$ 75 bilhões, não deve ser ultrapassado, e a política de dividendos será mantida. Para compensar a menor receita devido ao preço do petróleo, a Petrobras conta com o aumento da produção.

Preço do petróleo e expectativas para 2026

Segundo Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), o preço do petróleo pode variar bastante, com alguns estimando uma queda para valores entre US$ 55 e US$ 58, e outros prevendo até US$ 50 o barril no próximo ano. Apesar do plano ter validade até 2030, as atenções estão voltadas principalmente para o ano de 2026 devido ao contexto eleitoral.

Adriano Pires também observa que a oferta de petróleo está superior à demanda, com aumento na produção da Rússia, do Brasil, da Guiana e do petróleo de xisto nos Estados Unidos, enquanto o crescimento econômico global permanece baixo. Segundo ele, isso pressiona os preços para baixo a fim de equilibrar oferta e demanda.

Ele prevê ainda que as empresas do setor terão que controlar seus gastos rigorosamente, e que fusões e aquisições podem ocorrer, com companhias mais endividadas sendo compradas. Para a Petrobras, a queda na receita pode diminuir os dividendos pagos aos acionistas, o que exige atenção, especialmente por ser um ano eleitoral.

Adriano Pires alerta que a Petrobras pode ser usada como ferramenta política durante o ano eleitoral, o que pode prejudicar seus resultados caso o preço do petróleo permaneça baixo. Por outro lado, preços menores podem beneficiar o governo ao possibilitar a redução no preço dos combustíveis.

Impactos financeiros e perspectivas

Ilan Arbetman, analista de energia da Ativa Investimentos, estima que a diferença de US$ 15 no preço do barril impacta significativamente a receita da empresa, podendo causar perdas na casa dos bilhões de reais. Ele acredita que a Petrobras precisará combinar crescimento da produção, controle de custos e rigor na aprovação de projetos em seu novo plano.

Ilan Arbetman calcula que uma queda de US$ 15 por barril ao longo do período de 2025 a 2029 pode resultar em uma redução de cerca de R$ 362 bilhões na receita, levando em conta uma produção crescente e um câmbio médio de R$ 5,5 por dólar.

Além disso, a empresa poderá rever o teto de endividamento de US$ 75 bilhões, possibilitando maior flexibilidade financeira para investimentos estratégicos sem comprometer sua solidez, o que auxiliaria a Petrobras a enfrentar a volatilidade dos preços do petróleo e continuar gerando valor para os acionistas.

Edmar Almeida, professor e pesquisador do Instituto de Energia da PUC-RJ, comenta que o cenário internacional indica preços menores para o petróleo, influenciados por alinhamentos entre os Estados Unidos e a Opep+, e pela desaceleração econômica global, que mantém a demanda abaixo do esperado.

Ele ressalta que conflitos geopolíticos recentes, como o entre Israel e Hamas, impediram uma queda brusca nos preços, mas caso esses conflitos terminem, os valores podem cair ainda mais, chegando a faixas entre US$ 40 e US$ 50 por barril, como já ocorreu em choques passados.

Edmar Almeida finaliza dizendo que a Petrobras tem várias opções para se ajustar ao cenário, mas que a escolha dependerá das prioridades da empresa diante das incertezas econômicas e políticas de 2026. Ele ressalta que o momento atual é complicado para o setor de petróleo, com muitas dúvidas sobre o futuro.

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