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domingo, 24/08/2025

Derrotas do governo provocam busca por culpados e questionam liderança de Motta e Alcolumbre

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CAROLINA LINHARES – RANIER BRAGON – CATIA SEABRA – RAPHAEL DI CUNTO – CAIO SPECHOTO – THAÍSA OLIVEIRA – VICTORIA AZEVEDO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

As recentes derrotas sofridas pelo governo Lula no Congresso geraram uma intensa busca por responsáveis dentro da equipe de articulação política do Palácio do Planalto e levantaram dúvidas sobre a capacidade de liderança dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

A oposição conquistou maior controle na CPI do INSS e aprovou o voto impresso em uma comissão do Senado, reforçando um padrão de obstáculos enfrentados por Lula, mesmo com o apoio de sua base aliada. Esses resultados negativos têm desgastado os negociadores do governo no Congresso.

Além disso, os contratempos compartilhados por Motta e Alcolumbre, que vinham colaborando com o governo e prometiam manter o controle da CPI, aumentaram as críticas à sua liderança dentro da base governista, que agora procura identificar responsáveis entre possíveis traidores e omissos.

Segundo parlamentares, dois fatores antigos motivaram esses episódios: atraso na liberação de verbas para emendas parlamentares e uma reação considerada fraca por parte de Motta e Alcolumbre diante da ofensiva do Supremo Tribunal Federal (STF) em questões legislativas e de emendas.

As derrotas recentes foram encabeçadas por partidos de centro e direita que possuem ministérios no governo Lula, principalmente União Brasil e PP, que adotaram postura claramente oposicionista ao formar sua federação.

A oposição, com a liderança de Antonio Rueda (União Brasil) e do senador Ciro Nogueira (PP-PI), conseguiu articular a virada na CPI.

Após esses acontecimentos, o presidente Lula se reuniu com Hugo Motta no Palácio da Alvorada e convocou a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) juntamente com líderes aliados para uma reunião urgente.

Reconhecendo as falhas, governistas admitiram erros na mobilização da base e afirmaram estar comprometidos em corrigir estes problemas para evitar que a CPI seja usada para interesses políticos.

O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso, assumiu a responsabilidade, comentando que a articulação palaciana subestimou a situação e sofreu uma falha grave.

Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do PT na Câmara, também reconheceu problemas na mobilização da base governista.

O semestre legislativo havia terminado com conflitos e pendências, adiadas devido ao motim bolsonarista que ocupou os plenários da Câmara e do Senado em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente.

No retorno dos trabalhos no Congresso, Motta enfrentou duas derrotas importantes que abalaram a confiança de seus colegas: a dificuldade em reassumir a presidência durante o protesto e a falta de apoio para punir os manifestantes.

Para a CPI, inicialmente Motta indicou seu aliado Ricardo Ayres (Republicanos-TO) como relator, mas ele foi substituído por Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) após a vitória da oposição.

Aliados minimizam o desgaste de Motta, atribuindo os erros à articulação do governo e não à sua liderança.

Quando questionado sobre a derrota, Motta afirmou que não se considerava responsável, atribuindo a falha à articulação política governista.

Contudo, um líder do centrão destacou que a autoridade de Motta está enfraquecida entre os parlamentares e que ele perdeu credibilidade tanto entre os colegas quanto com o governo federal.

Outra fonte governista reconheceu falhas no Executivo, mas sugeriu usar essa situação para fortalecer Motta internamente, buscando isolar os bolsonaristas.

Alcolumbre, que está em seu segundo mandato como presidente do Senado, teve um momento difícil recentemente, diferente do motim bolsonarista, quando conseguiu retomar sua cadeira sem grandes problemas públicos.

Parlamentares informam que o governo se distanciou da articulação da CPI, confiando excessivamente na autoridade de Alcolumbre. Ele teria indicado Omar Aziz (PSD-AM) para o cargo de relator, que acabou discutindo o papel com o presidente da Câmara mesmo antes da eleição oficial.

Alcolumbre é visto pelos bolsonaristas como um obstáculo para a aprovação de uma anistia a Jair Bolsonaro e aos envolvidos no 8 de Janeiro, sendo contrário ao projeto de lei e articulando uma proposta alternativa.

Ao ser questionado sobre a repercussão negativa, Alcolumbre respondeu: “Minha autoridade [desrespeitada]? Eu não sou eleitor da CPI.”

Após a ocupação do plenário, ele também declarou que não pretende colocar em votação um pedido de impeachment contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, uma reivindicação dos aliados de Bolsonaro.

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