Deputados estaduais do Paraná, Requião Filho (PDT) e Arilson Chiorato (PT), solicitaram à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que investigue uma possível situação irregular de caixa dois envolvendo funcionários comissionados da Sanepar, empresa estadual responsável pelo saneamento no Paraná.
Recentemente, áudios divulgados pelo Diário de Maringá e obtidos também pelo Metrópoles revelam conversas entre o ex-gerente da Sanepar, Rafael Malaguido, e Jaime Antônio de Camargo Ferreira, ex-assessor do atual secretário de Cidades, Guto Silva. Nos áudios, há menção a uma arrecadação financeira entre funcionários para quitar uma dívida de R$ 4 milhões relacionada à última campanha eleitoral do governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD).
Nos registros, são citados valores entre R$ 15 mil e R$ 25 mil solicitados aos funcionários comissionados, indicados politicamente. Um trecho destacado pelo ex-gerente ressalta a hierarquia política no processo: “Teu chefe sou eu, o Rafael, e é o Guto. Nem o Cláudio Stabile é o teu chefe, nós que te nomeamos”. Cláudio Stabile esteve à frente da Sanepar de janeiro de 2019 a junho de 2024 e atualmente preside uma agência de fomento no Paraná.
Guto Silva é considerado pelo governador o candidato favorito para sucedê-lo no governo do estado.
Além de encaminhar a denúncia à CVM, os deputados também procuraram a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público para que seja instaurada uma investigação formal sobre possíveis irregularidades na empresa, que é uma sociedade de economia mista com capital aberto, mas sob controle do governo estadual.
A Sanepar, consultada pelo Metrópoles, declarou que os áudios são antigos e já foram investigados em operação de 2021, ressaltando que os funcionários envolvidos foram demitidos por justa causa e enfrentam processos judiciais.
O governo do Paraná, por sua vez, classificou a denúncia como uma questão antiga trazida à tona pelo PT local, afirmando que a estatal colaborou com as autoridades durante as apurações e que não há fatos novos relevantes.
Requião Filho, pré-candidato ao governo, rebateu o posicionamento, questionando por que o Ministério Público não tomou providências diante dos fatos anteriores e sugerindo uma possível omissão das autoridades em relação ao governo estadual.

