LEONARDO VIECELI
FOLHAPRESS
O deputado estadual Flávio Serafini (Psol-RJ) apresentou nesta terça-feira (18) um pedido ao Ministério Público Federal para que seja aberta uma apuração criminal e financeira sobre a administração do Rioprevidência, o fundo que paga aposentadorias e pensões aos servidores do Rio de Janeiro.
O pedido acontece após o anúncio do encerramento das atividades do Banco Master, que tinha ligação com o fundo de previdência estadual.
Em outubro, o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) apontou que o Rioprevidência ignorou alertas e continuou investindo em produtos ligados ao grupo Master. Na época, o fundo afirmou que tudo estava dentro da normalidade.
Para Serafini, há sinais de irregularidades que pioraram depois do fechamento do banco. Segundo ele, que é oposição ao governo de Cláudio Castro (PL), os riscos que antes eram apenas alertas agora podem causar perdas reais.
“Mesmo que o Fundo Garantidor de Créditos tenha recursos para cobrir parte dos prejuízos, grandes investidores, como fundos de previdência estaduais, podem sofrer perdas significativas, especialmente se ultrapassarem os limites garantidos”, declarou o deputado.
De 2019 a 2021, Serafini presidiu uma comissão parlamentar que investigou o Rioprevidência na Assembleia Legislativa do Estado.
Na terça-feira, a reportagem questionou o fundo sobre a cobertura dos investimentos ligados ao Master pelo FGC, mas não recebeu resposta até a publicação. O fundo também não comentou o pedido de investigação do deputado.
O TCE-RJ informou que até 31 de julho, cerca de R$ 2,6 bilhões do Rioprevidência estavam aplicados em títulos ou fundos relacionados ao Master, o que representa mais de 25% dos recursos totais do fundo, uma concentração considerada crítica pelo tribunal.
Em outubro, o Rioprevidência respondeu às acusações do TCE-RJ em duas notas, que já não estavam disponíveis no site do fundo no início da terça-feira.
O Rioprevidência disse que o valor investido foi de aproximadamente R$ 960 milhões e que a operação está regular e em dia.
O fundo também afirmou que, desde a primeira notificação do TCE-RJ em 2024, não fez novos investimentos em ativos vinculados ao Banco Master.
Esclareceu ainda que o fato de um fundo ser administrado por uma instituição, como o Banco Master, não significa que os recursos estejam diretamente aplicados nessa instituição.
O Rioprevidência ressaltou que o Banco Master S.A. e a Master Corretora de Valores são entidades diferentes, com funções regulatórias distintas, sendo a corretora responsável apenas pela gestão operacional dos fundos, sem possuir ou se beneficiar dos recursos aplicados.
O Banco Central decretou o encerramento do Banco Master nesta terça-feira, e a Polícia Federal prendeu seu controlador, o banqueiro Daniel Vorcaro, após a instituição enfrentar dificuldades por vários meses.
Esta liquidação deve ser a maior operação de resgate feita pelo Fundo Garantidor de Créditos, que terá que pagar entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões em depósitos. A medida também inclui a Master Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários.

