JULIANA ARREGUY
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O deputado federal bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO) apresentou um projeto de lei para impedir que influenciadores, artistas, atletas e personalidades sejam contratados com recursos públicos para participarem de campanhas publicitárias de governos e entidades públicas.
Gayer, que se elegeu deputado em 2022 após ganhar destaque como youtuber bolsonarista, afirma que a imagem de um influenciador não deve ser usada como ferramenta de propaganda política custeada pelo dinheiro público.
Ele argumenta que, em várias situações, isso configura marketing político disfarçado de propaganda institucional, com o objetivo de aumentar a popularidade de agentes públicos, criando desigualdades e prejudicando o equilíbrio democrático, especialmente em períodos próximos às eleições.
No projeto, o parlamentar também ressalta que, nos últimos anos, governos de diversos níveis têm utilizado a popularidade de influenciadores para divulgar ações institucionais com investimentos elevados.
Durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), apoiada por Gayer, a contratação de apresentadores e influenciadores entre 2019 e 2021 superou R$ 4,3 milhões (aproximadamente R$ 5,3 milhões corrigidos pela inflação atualmente). Muitas dessas contratações foram investigadas pela CPI da Covid, pois algumas personalidades promoviam o tratamento precoce contra o coronavírus, sem comprovação científica. O próprio Gustavo Gayer foi alvo da CPI por lucrar com seu canal no YouTube enquanto difundia desinformação sobre a pandemia.
A proposta do deputado surgiu pouco mais de um ano antes das eleições de 2026, quando o presidente Lula tenta a reeleição e enfrenta altos índices de rejeição, segundo a pesquisa mais recente do Datafolha.
No círculo próximo de Lula, especialmente na equipe do ministro Sidônio Palmeira, da Secretaria de Comunicação (Secom), há uma corrente que defende a aproximação do presidente com influenciadores digitais para melhorar sua imagem, já que ele costuma evitar produzir conteúdo para redes sociais.