O deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO) declarou, de forma enfática, que o ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi, terá dificuldades ao depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura irregularidades no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). A manifestação do deputado ocorreu durante o depoimento de Eliane Viegas, diretora de Auditoria de Previdência e Benefícios da Controladoria-Geral da União (CGU), nesta quinta-feira (4/9).
Chrisóstomo acusou Lupi de negligência e afirmou, sem apresentar provas, que o ex-ministro tinha conhecimento sobre os desvios relacionados às aposentadorias no INSS. Lupi deixou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após pressão resultante de uma operação da Polícia Federal iniciada em abril deste ano, que investigou descontos irregulares em aposentadorias e pensões do INSS.
“O ministro Lupi afirmou em uma comissão que sabia dos roubos contra os aposentados. Para surpresa de todos, ele disse: ‘Eu tinha’. Isso demonstra que ele negligenciou suas responsabilidades. O Brasil precisa saber que Lupi falhou em seu dever. Ele virá aqui e será fortemente questionado”, declarou Chrisóstomo.
O caso relacionado ao INSS foi exposto por uma série de reportagens iniciadas em dezembro de 2023, que mostraram um aumento significativo na arrecadação das entidades com descontos de mensalidades de aposentados, chegando a R$ 2 bilhões ao ano, enquanto muitas dessas associações enfrentavam processos por fraudes nas filiações dos segurados.
Essas investigações motivaram a abertura de um inquérito pela Polícia Federal e auxiliaram nas apurações da Controladoria-Geral da União. No total, 38 matérias foram consideradas pela Polícia Federal para a Operação Sem Desconto, lançada em 23 de abril deste ano, que resultou nas demissões do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.
O ex-ministro está previsto para depor na CPMI do INSS na próxima segunda-feira (8/9). Além dele, todos os ministros da pasta da última década foram convocados para prestar depoimentos. Doze ex-presidentes do INSS também foram chamados, incluindo Alessandro Stefanutto, que foi indicado por Lupi e afastado devido aos desvios apurados.