Primeiro foi o prefeito de São Paulo, João Doria, vítima de uma ovada em salvador, no início do mês. Na última quinta-feira, foi a vez do deputado federal Jair Bolsonaro ser atingido no peito, durante uma caminhada em ribeirão preto, no interior de São Paulo.
E agora, no sábado, a vítima foi o governador paulista, Geraldo Alckmin. Depois de participar da inauguração do Sesc 24 de Maio, no centro da cidade, ele decidiu fazer um corpo a corpo com a população.
Entre uma selfie e outra com simpatizantes, Alckmin também teve que enfrentar um grupo de oposicionistas que, aos gritos de “golpista”, “Fora Temer” e “taca ovo nele”, decidiram, de fato, arremessar um ovo contra o tucano.
A mira foi ruim e o ovo quebrou no chão. A caminhada foi encurtada e o governador acabou sendo levado para o carro, deixando o centro da cidade.
Mas, haja ovo para essa versão abrasileirada do escracho! Acontece que o escracho que por aqui vem ganhando formas peculiares e sendo usado para uma espécie de Fla-Flu político tem uma origem bem diferente.
Ele é um tipo de protesto que começou na Argentina, na década de 1990.
Por lá, eles começaram para denunciar os agentes da ditadura civil-militar: quando o presidente Carlos Menem concedeu um indulto aos condenados por tortura, colocando em liberdade genocidas e torturadores. Uma sensação de impunidade tomou conta da população.
Os argentinos entenderam que, já que não dava para contar com a justiça, o caminho então era a condenação social.
Maine Garcia perdeu o pai e a mãe durante a ditadura argentina. Os dois foram sequestrados quando ela ainda era bebê. Adulta, Maine passou a integrar o grupo “Hijos La Plata”, precursor dos escrachos.
Ela traduziu a ação como um ato de exposição que quer frear a impunidade. Ou seja, se a pessoa não fosse presa, que a vida dela se tornasse uma prisão.
Em 2003, as leis de anistia foram derrubadas o que permitiu o início do julgamento de vários repressores.
Mas quase todos os processados ou julgados na Argentina antes foram alvos de escracho pela população.