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sexta-feira, 19/09/2025

Depoente nega ser sócio de ‘Careca do INSS’; CPMI questiona função do contador

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Carlos Moura/Agência Senado

Carlos Viana, acompanhado pelo contador Milton Salvador de Almeida Junior, prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS. Na data de 18 de maio, o técnico em contabilidade, mencionado em investigações como sócio de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como ‘Careca do INSS’, negou qualquer sociedade nas empresas vinculadas a Antunes. Disse que foi contratado para realizar serviços de assessoria financeira.

Milton Salvador relatou que trabalhou por 19 anos no Grupo Paulo Octavio antes de ser contratado pela empresa de Antônio Carlos Antunes via seu currículo no Linkedin, e que desconhecia o réu previamente.

Ele ressaltou que nunca foi sócio das empresas de ‘Careca do INSS’, embora constasse nos estatutos como diretor financeiro, função que exercia para viabilizar operações financeiras junto aos bancos. O pagamento pelos seus serviços era de 60 mil reais por mês, valor que o motivou a aceitar a posição.

O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), inicialmente demonstrou apreço pela presença voluntária de Salvador, contemplando a possibilidade de rever a prisão preventiva. Contudo, após questionamentos de outros parlamentares, passou a duvidar das versões apresentadas, especialmente considerando o alto valor das notas fiscais emitidas.

Salvador contou que recebeu agentes da Polícia Federal durante a operação Sem Desconto, já que Antunes estava fora do país. Na ocasião, percebeu irregularidades nas atividades da empresa e reconheceu ter sido ingênuo em aceitar o trabalho sem investigações mais rigorosas.

Enquanto esteve sob contrato, percebeu notícias que indicavam fraudes e questionou Antunes, que negou problemas. Garantiu que rescindiu o contrato assim que se convenceu das irregularidades. O vice-presidente da CPMI, deputado Duarte Jr. (PSB-MA), declarou que a permanência no cargo, mesmo suspeitando de problemas, poderia representar “dolo eventual” no âmbito penal.

Salvador também afirmou que durante os 14 meses de trabalho não manteve contato com dirigentes de associações que efetuavam descontos nos benefícios, como a Associação dos Aposentados Mutualistas (Ambec) e a Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), sendo informado somente dos valores pagos. Estimou que as movimentações financeiras chegavam a cerca de 10 milhões de reais mensais.

Explicou que a contabilidade era terceirizada, realizada pela empresa Voga, e que tinha conhecimento da existência de uma empresa offshore associada a Antunes. Os serviços declarados pelas empresas eram de assessoria técnica, incluindo telemedicina, mas não sabia se eles eram realmente prestados.

Referiu ainda que o contador Rubens Oliveira Costa o antecedeu nessa função e que trabalharam juntos por alguns meses.

O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) manifestou ceticismo acerca da inocência de Salvador, qualificando o esquema como sofisticado e complexo, o que torna estranho contratar alguém por meio de currículo na internet para gerir uma operação financeira tão relevante.

O senador e contador Izalci Lucas (PL-DF) questionou sobre o controle das notas fiscais, e Salvador atentou que assinava e emitia os documentos, mas o controle ficava a cargo de outros setores e da empresa terceirizada.

O presidente da CPMI, senador Carlos Viana, enfatizou a necessidade de focar nos esclarecimentos e responsabilização, destacando que a comissão continuará seu trabalho independentemente das decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre habeas corpus. Ressaltou o compromisso de dar respostas claras para a população e combater a impunidade.

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