Cecília Rodrigues Mota, ex-presidente das Associações dos Aposentados e Pensionistas Nacional e do Brasil, prestou depoimento à CPMI do INSS, admitindo conhecer parte dos investigados na Operação Sem Desconto e ser proprietária de várias empresas suspeitas de lavagem de dinheiro. Ela confirmou transações milionárias, mas negou origem ilícita dos recursos.
Inicialmente, amparada por um habeas corpus do STF, Cecilia optou pelo silêncio para não comprometer as investigações mas respondeu a alguns questionamentos de Alfredo Gaspar, relator da comissão.
Ela ressaltou que sua renda provém do exercício da advocacia, inclusive com serviços para entidades como a Caixa de Assistência dos Aposentados e Pensionistas do INSS, e negou irregularidades. A depoente presidiu as associações entre 2018 e 2022, negando irregularidades e explicando que não havia acordo vigente no período citado.
Alfredo Gaspar questionou repasses milionários feitos por Cecília e suas empresas a terceiros, incluindo a familiares de ex-diretores do INSS. A depoente exerceu o direito ao silêncio em relação às transferências e conexões comerciais.
Ela evitou comentar sobre movimentações com outras pessoas ligadas ao INSS, mas admitiu conhecer várias delas, classificando esses contatos como institucionais. Cecília manteve silêncio em relação a sócios, repasses específicos e conexões com procuradores, alegando desconhecimento das provas.
Houve também questionamentos sobre a evolução do patrimônio da depoente, que confirmou possuir veículos de luxo pagos com recursos advocatícios e rebatendo acusações sobre viagens internacionais em excesso, restringindo o número a no máximo oito.
Alfredo Gaspar enfatizou o volume das movimentações financeiras, estimadas em quase R$ 20 milhões, sugerindo possíveis indícios de lavagem de dinheiro e reforçando a gravidade da situação diante do prejuízo a aposentados e pensionistas.
No encerramento, o presidente da CPMI, senador Carlos Viana, propôs a suspensão por seis meses da cobrança de empréstimos consignados para essas categorias, destacando que a comissão já identificou os responsáveis e o montante desviado, garantindo que os fatos serão revelados publicamente.
