As doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti são consideradas por especialistas males da negligência. O crescimento desordenado, a precariedade do saneamento básico e as falhas nas ações de combate ampliam o raio de ação do mosquito no Entorno do Distrito Federal. A falta de condições sanitárias adequadas influencia o crescimento da lista de vítimas — 11 pessoas morreram este ano devido à dengue hemorrágica na região. Este ano, até 3 de dezembro, a Secretaria de Saúde de Goiás calcula que 149.731 pessoas contraíram dengue.
A prova que as medidas de controle adotadas pelo governo goiano são insuficientes está também no avanço da chicungunha e da zika. No ano passado, foram notificados quatro casos de zika. Este ano, já são 133. A chicungunha saltou de sete infecções em 2015 para 118. Dos 10 municípios limítrofes ao DF, apenas cinco existiam antes da construção da capital federal: Cristalina, Formosa, Luziânia, Padre Bernardo e Planaltina. Os demais — Águas Lindas, Cidade Ocidental, Novo Gama e Santo Antônio do Descoberto — nasceram impulsionados pelo crescimento urbano do DF.
Para se ter ideia do problema, entre 1960 e 2013, o número de habitantes na vizinhança do Distrito Federal aumentou 14 vezes. Segundo dados da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), a população na periferia metropolitana soma R$ 1,128 milhão de pessoas.
A habitação precária, com falhas na coleta de lixo, falta de asfalto, água encanada e tratamento de esgoto, favorece a epidemia de doenças transmitidas pelo Aedes (leia Alerta). Em Santo Antônio do Descoberto, distante 50km do DF, vários bairros são abastecidos por poços artesianos ou caminhões-pipa. Apenas no ano passado o governo municipal iniciou obra de infraestrutura em Águas Lindas. Juntas, as duas cidades têm mais de 2,3 mil casos de dengue. “Essas condições propiciam o acúmulo de água de forma inadequada e a disposição de resíduos urbanos em locais impróprios”, admite o secretário de Saúde de Goiás, Leonardo Vilela, em nota.
Oito gestantes estão com zika no estado. Entretanto, as ações de combate e quanto será destinado à prevenção ainda estão em discussão. “Ainda não há definição porque estamos aguardando aprovação da proposta orçamentária para 2017”, completa Vilela. A intenção é ampliar as visitas domiciliares, mas não se tem estimativa do número de equipes e maquinário que serão usados.