O Brasil pode registrar cerca de 1,8 milhão de casos de dengue em 2026, com São Paulo respondendo por metade dessas infecções. Esse número pode ser o segundo maior desde 2010.
Esse cálculo foi feito pelo projeto InfoDengue Mosqlimate Dengue Challenge, realizado por pesquisadores de vários países em parceria com a Fiocruz e a Fundação Getulio Vargas (FGV).
Espera-se que 2026 tenha características epidêmicas, mas com menos casos que em 2024, quando o país registrou mais de 6,5 milhões de casos prováveis e 6,3 mil mortes.
O estudo contou com 52 pesquisadores de diversos países que criaram modelos para prever a dengue no Brasil usando dados climáticos e epidemiológicos. Quinze equipes participaram com 19 modelos que foram reunidos em uma previsão única.
Estados como Acre, Tocantins, Rio Grande do Norte, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, e todas as regiões Sul e Centro-Oeste podem ter incidência de dengue acima de 300 casos por 100 mil habitantes, o que indica epidemia segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Alguns estados como Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Acre e Amapá devem ter menos casos do que em 2025. Outros como Santa Catarina, Minas Gerais, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Tocantins podem ter um aumento.
Minas Gerais é preocupante, pois tem registrado altos números e a tendência de crescimento continua.
Kleber Luz, especialista em doenças infecciosas, explica que o Sul do país tem aumentado os casos, apesar de antes ser menos afetado. Ele alerta que o Brasil pode chegar a quase dois milhões de casos e destaca o risco do retorno do sorotipo 3 do vírus da dengue, que não causava epidemias há mais de 17 anos, devido à baixa imunidade da população.
Flávio Codeço Coelho, professor da FGV e coordenador do estudo, ressalta que os investimentos em prevenção devem continuar, apesar de a previsão indicar um ano menos severo. Ele destaca que o aumento das temperaturas médias favorece a doença e que é preciso estar atento à expansão para cidades menores, onde o diagnóstico e o atendimento são mais difíceis.
BUTANTAN-DV
A vacina Butantan-DV, de dose única contra a dengue, foi aprovada pela Anvisa. As primeiras 1,3 milhão de doses serão destinadas até janeiro de 2026 a profissionais da saúde em unidades básicas.
O Ministério da Saúde pretende ampliar a vacinação para adultos e adolescentes aos poucos pelo SUS, começando por pessoas com 59 anos ou mais.
Mesmo com a vacina, é importante continuar as ações de prevenção, já que o mosquito Aedes aegypti também transmite chikungunya e zika vírus.
DENGUE
Quem tiver febre alta rápida (38ºC a 40ºC) e pelo menos dois sintomas como dor de cabeça, fadiga, dores musculares, articulares e dor atrás dos olhos deve procurar atendimento médico.
A maior parte das pessoas se recupera, mas a doença pode piorar e causar morte. Os sinais de alerta são dor abdominal forte, vômitos constantes, acúmulo de líquidos no corpo, queda da pressão ao se levantar, desmaios, irritabilidade, aumento do fígado, sangramentos e aumento do hematócrito.
Não existe remédio específico para a dengue; repouso e hidratação são fundamentais. Flávio Coelho recomenda o uso de repelente, especialmente no verão e em casos suspeitos, para evitar a transmissão.
Ele também aconselha a vacinação para quem estiver apto, já que é uma forma de proteção importante.

