A rede social com foco em áudio está lançando a prometida opção para Android, mas talvez já seja tarde demais; entenda a ascensão e queda do app
Neste último domingo, 16, o Clubhouse anunciou que a versão oficial do aplicativo para Android estará disponível para instalação a partir desta terça-feira, 18.
Além do Brasil, usuários do Japão e da Rússia também recebem hoje a nova versão, que já está disponível nos Estados Unidos. De acordo com publicação da empresa, o aplicativo estará disponível mundialmente na Google Play Store até esta sexta-feira, 21. A lista de espera e o sistema exclusivo de convites ainda irão continuar.
Apesar de o aplicativo estar cumprindo uma promessa feita faz tempo, talvez seja tarde demais para manter o destaque que teve no início do ano. As instalações do app entre fevereiro e março tiveram uma queda de 72%, indicando que, tal como Ícaro, o Clubhouse pode ter voado muito perto do Sol.
A ascensão e queda do Clubhouse
A rede social com foco em áudio, em que qualquer usuário pode abrir uma sala de bate-papo e conversar com pessoas de todo o mundo, era inicialmente voltada apenas para usuários com iOS.
Mesmo com tamanha exclusividade, o aplicativo bombou no início de 2021. Acredita-se que o sucesso foi concretizado após a aparição do bilionário Elon Musk em um bate-papo com Vlad Tenev, CEO do Robinhood, em fevereiro.
Sobre este período, o Clubhouse comentou em publicação via blog: “Isso [o crescimento repentino] teve suas desvantagens, pois a carga estressou nossos sistemas. Isso nos fez mudar nosso foco para contratação, conserto e construção de empresa, em vez dos encontros da comunidade e recursos do produto que normalmente gostamos de focar. Foi um momento importante de investimento, que acreditamos nos ajudará a servir a comunidade muito melhor no longo prazo.”
O êxito do aplicativo foi tão grande que não demorou para que plataformas como Facebook, Twitter, Instagram e até o Spotify copiassem a fórmula do bate-papo via áudio. Em questões de semanas, a rede social do passarinho lançou o Spaces, funcionalidade que permite que um grupo de até 10 pessoas se reúna para debater um assunto diante de uma audiência.
Enquanto isso, o Instagram garantiu que outras três pessoas possam se juntar ao usuário que inicia um vídeo ao vivo, ferramenta que já existia no aplicativo. Já Mark Zuckerberg está indo além e testando o Hotline, aplicativo que permite que pessoas usem áudio e vídeo para conversar com o público ao criar salas de bate-papo, como no Instagram Live.
Além disso, em abril, fontes escutadas pela agência Reuters indicaram que o Clubhouse fechou a última rodada de investimento com avaliação em 4 bilhões de dólares, pouco mais de um ano após a fundação da empresa em março de 2020 por Rohan Seth, ex-funcionário do Google, e Paul Davidson, empresário do Vale do Silício.
Mesmo com o suposto aporte bilionário em abril, as coisas já não estavam bem para o aplicativo no mês anterior. De 10 milhões de instalações em fevereiro, o app recebeu aproximadamente 3 milhões de downloads em março — mais especificamente, uma queda de 72%, de acordo com dados do SensorTower.
Em abril, o número caiu novamente e a plataforma recebeu apenas 900 mil instalações pelo iOS, representando uma queda de aproximadamente 30% em comparação com março.
Não há motivo definido para explicar a ascensão e queda repentina do Clubhouse. A competição com outra redes sociais ou a exclusividade para iOS podem ser fatores relevantes, mas talvez a mais importante seja o fator humano: muitas vezes não há como saber qual plataforma vai ser aquela que vai assegurar seu espaço no dia a dia dos usuários.
Talvez o lançamento oficial para Android seja o último suspiro antes do Clubhouse se juntar a redes sociais como Vine, Orkut e MySpace — ou talvez seja justamente isso que o salve do esquecimento definitivo.