Em nota, Ministério Público elogia comando do procurador a frente das investigações e afirma que ele sairá por questão de saúde e de família
O coordenador da Lava Jato em Curitiba e procurador da República Deltan Dallagnol deixará a força-tarefa. A informação foi confirmada pelo Ministério Público Federal nesta terça-feira e pelo próprio procurador, após o site de notícias do canal CNN informar que ele estava de saída.
A Lava Jato ficou conhecida por investigar e denunciar um amplo esquema de corrupção envolvendo estatais, principalmente a Petrobras, empreiteiras, e o poder público
Logo após a confirmação pelo MPF em uma nota do seu site, Dallagnol confirmou a saída ao canal CCN e publicou um vídeo em uma rede social. Nele, o procurador confirma que sua filha tem apresentado problemas de saúde, o que o levou a abandonar a coordenação da operação. Deltan também agradeceu aos brasileiros por o terem apoiado no combate à corrupção.
“Se você apoia a Lava Jato, continue a apoiar. A operação vai continuar, mas decisões que estão sendo tomadas em Brasília afetarão seu trabalho. A força-tarefa tem muito o que fazer e precisa do seu suporte”, disse o procurador no vídeo. “Eu não vou desistir e deixar de sonhar por um Brasil melhor. mas agora eu vou cuidar da minha família.”
Em nota publicada no site, o Ministério Público elogia o trabalho de Deltan à frente das investigações: “A liderança exercida foi fundamental para todos os resultados que a Operação Lava Jato alcançou, e os valores que inspirou certamente continuarão a nortear a atuação dos demais membros da força-tarefa, que prosseguem no caso.”
Com a saída anunciada, o procurador da República no Paraná Alessandro José Fernandes de Oliveira deve assumir as funções antes exercidas por Deltan Dallganol. A saída de Deltan funcionará como uma permuta. Alessandro passará a coordenar a operação e Deltan ficará com as funções do procurador.
Deltan Dallagnol sai enfraquecido após ter sido julgado pelo Conselho Nacional do Ministério Público na última semana. Ele não foi punido, mas sua conduta na denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2016, a do famoso “power-point”, foi criticada pelos conselheiros.
Por unanimidade, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) arquivou o processo contra Deltan. A maioria dos conselheiros entendeu que seria cabível a abertura de um processo administrativo contra o procurador, mas o tempo para isso já prescreveu. O pedido do ex-presidente Lula está há quatro anos em tramitação no CNMP sem que fosse analisado.
O petista acusou Deltan de utilizar a estrutura da procuradoria para exibir posicionamentos políticos e jurídicos durante a coletiva de imprensa em que, ao denunciar Lula no caso do tríplex do Guarujá, utilizou o PowerPoint para promover “reprovável julgamento paralelo e antecipado, com afirmações caluniosas e difamatórias”.