Durante seu depoimento à defesa de Filipe Martins e Marcelo Câmara nesta segunda-feira (21/7), o delegado da Polícia Federal (PF), Fabio Shor, corroborou as suspeitas que fundamentaram a investigação e o consequente indiciamento dos envolvidos na suposta conspiração golpista e na rede planejada contra o Estado Democrático de Direito.
Shor respondeu aos questionamentos dos advogados, apresentando evidências e detalhes que esclarecem a investigação. Destacou ainda que o inquérito não se baseia apenas na delação do colaborador, tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ao ser questionado pelo advogado de Marcelo Câmara, Eduardo Kuntz, sobre o acompanhamento do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Shor confirmou a suspeita de que Câmara atuava em um núcleo de inteligência paralelo, fornecendo informações sobre os movimentos do ministro para Mauro Cid. “A Polícia Federal entende que havia uma divisão de tarefas, e que ele era responsável por obter esses dados”, afirmou o delegado.
O monitoramento incluía a rotina, deslocamentos, localização e itinerários do ministro Alexandre de Moraes. Tudo isso fazia parte do chamado “Punhal Verde e Amarelo”, um plano que a operação da PF revelou como uma articulação suspeita para vigiar e eventualmente planejar atentados contra autoridades.
“A Polícia Federal identificou que Marcelo Câmara atuava no núcleo denominado de ‘inteligência paralela’, enviando informações sobre os movimentos do ministro Alexandre Moraes ao tenente-coronel Mauro Cid. Essas informações eram destinadas ao núcleo operacional, responsável por planejar prisões ou até mesmo execuções”, explicou Shor.
O delegado confirmou que Câmara monitorava o ministro, destacando várias datas em dezembro de 2022, quando Moraes foi acompanhado de forma intensa por indivíduos conhecidos como “kid pretos”.
Oitiva no STF
O Supremo Tribunal Federal continua nesta segunda-feira com o depoimento das testemunhas ligadas ao núcleo 2 da suposta trama golpista e inicia as oitivas do núcleo 3, que teria o objetivo de perpetuar o ex-presidente Jair Bolsonaro no cargo após as eleições de 2022.
Entre os convocados para depor estão o ex-comandante do Exército, Freire Gomes, e o ex-comandante da Força Aérea Brasileira, Carlos de Almeida Baptista Júnior. Todos foram devidamente intimados e deverão comparecer hoje.