O saldo negativo nas transações internacionais brasileiras acumulado em 12 meses ainda é maior do que o valor dos investimentos diretos que entram no país, o que acontece pelo sétimo mês seguido até agosto. Esse é o período mais longo com essa situação desde o intervalo de janeiro de 2013 a novembro de 2015.
Em agosto, o déficit nas transações correntes estava em US$ 76,235 bilhões, representando 3,51% do Produto Interno Bruto (PIB).
Já os investimentos diretos somaram US$ 69,033 bilhões, o que corresponde a 3,18% do PIB.
Desde fevereiro, o valor dos investimentos diretos está abaixo do déficit, quando marcou 3,64% do PIB em 12 meses, contra 3,68% do PIB de rombo na conta corrente.
No Relatório de Política Monetária (RPM) divulgado na quinta-feira, 25, o Banco Central ajustou para cima sua previsão do déficit nas transações correntes em 2024, passando de US$ 58 bilhões para US$ 70 bilhões.
A projeção para os investimentos diretos permaneceu em US$ 70 bilhões, o que indica que os investimentos provavelmente só darão conta de cobrir a lacuna nas transações correntes.
Durante uma entrevista sobre o relatório, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, ressaltou que a autoridade monetária mudou a avaliação das contas externas para um cenário menos favorável, por causa do aumento do déficit. Contudo, ele minimizou a importância da inversão entre déficit nas transações correntes e investimentos diretos.
“As pessoas gostam de comparar as transações correntes com o investimento direto, e nem somos tão fãs disso, mas colocamos aqui na apresentação. As equipes técnicas, na verdade, odeiam a comparação”, comentou Guillen.
Estadão Conteúdo