Roma – Após passar por nova audiência na Justiça da Itália, nesta quarta-feira (27/8), a defesa da deputada federal Carla Zambelli (PL) demonstrou otimismo, qualificando a sessão como “muito positiva”. Os advogados acreditam que há boas chances de que Zambelli possa retornar para casa.
“Os juízes disseram que em breve darão um veredito. A esperança é que ela seja liberada para ir para casa”, afirmou Fabio Pagnozzi.
Conforme informado, Zambelli deve permanecer na Itália em regime de prisão domiciliar, na residência de um parente do marido, enquanto aguarda o andamento do processo de extradição.
Pagnozzi reforçou à Justiça italiana que Zambelli não representa risco de fuga. “Participaram três magistrados, que compreenderam bem os fatos apresentados, entendendo que ela não oferece perigo de escapar dentro da Itália, especialmente porque escolheu o país para enfrentar seus processos. Discutimos detalhadamente sua chegada à Itália, os motivos de sua permanência aqui, e também sobre o ministro relator do seu caso”, explicou.
Carla Zambelli está detida na Itália desde 29 de julho, após passar quase um mês foragida da Justiça brasileira.
Na última quinta-feira (22/8), o Supremo Tribunal Federal (STF) a condenou a 5 anos e 3 meses de prisão em regime semiaberto, além da perda do mandato parlamentar, pelos crimes de porte ilegal de arma e constrangimento ilegal, por 9 votos a 2. Ela foi acusada de perseguir armada o jornalista Luan Araújo, apoiador do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Essa é a segunda condenação da deputada pelo STF. Na primeira, foi sentenciada a 10 anos e oito meses de prisão pela participação na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2023 e na inserção de documentos falsos.
Após a audiência, Zambelli retornou ao Instituto Penitenciário de Rebibbia, nos arredores de Roma, onde aguarda a decisão da Corte, que será divulgada de forma reservada, possivelmente ainda nesta quarta-feira.
A deputada chegou algemada e vestida de forma simples, acompanhada do marido Aginaldo de Oliveira, do irmão Bruno, do advogado Fabio Pagnozzi e de advogados italianos. O defensor Angelo Alessandro Sammarco comentou que ela está “abatida, mas determinada”.
Durante a audiência foi discutido o resultado da perícia médica realizada em 18 de agosto, que constatou que Zambelli está apta para permanecer presa, porém sob tratamento.
Além disso, foi apresentado um laudo psiquiátrico encomendado pela defesa, com quase 90 páginas, evidenciando fibromialgia — uma doença que provoca dores fortes —, problemas cardíacos necessitando de acompanhamento especializado, e sintomas marcantes de depressão.
A estratégia da defesa, tanto no Brasil quanto na Itália, é demonstrar que a condição de saúde da parlamentar piorou após a prisão, justificando a necessidade de sua libertação.
Na audiência anterior, em 13 de agosto, Zambelli passou mal e precisou de atendimento emergencial dentro do tribunal. Segundo seu pai, ela sofre de múltiplas doenças, incluindo a síndrome da taquicardia postural ortostática, que a levou a internações prévias. Atualmente, na prisão, ela enfrenta dificuldade para obter alguns medicamentos essenciais.