Os Estados Unidos, que recentemente aplicaram tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, são os principais investidores diretos no Brasil.
De acordo com o levantamento mais recente do Banco Central, divulgado em Brasília, o Brasil recebeu em 2024 um total de US$ 1,141 trilhão em investimentos estrangeiros diretos, equivalente a 46,6% do Produto Interno Bruto (PIB), o maior percentual já registrado.
Esse investimento é dividido em duas categorias: US$ 884,8 bilhões correspondem a participações societárias em quase 19 mil empresas, e US$ 256,4 bilhões são empréstimos entre empresas do mesmo grupo.
Principais países investidores
O Banco Central detalha que dos US$ 884,8 bilhões que representam a participação no capital social das empresas brasileiras, os Estados Unidos lideram com US$ 244,7 bilhões, ou 28% do total.
Outros países de destaque são:
- Estados Unidos: US$ 244,7 bilhões (28%)
- Países Baixos: US$ 145,5 bilhões (16%)
- Luxemburgo: US$ 79,2 bilhões (9%)
- França: US$ 63,3 bilhões (7%)
- Espanha: US$ 61,0 bilhões (7%)
- Reino Unido: US$ 31,0 bilhões (4%)
- Japão: US$ 27,8 bilhões (3%)
- Alemanha: US$ 21,9 bilhões (2%)
- Canadá: US$ 21,1 bilhões (2%)
- Ilhas Cayman: US$ 20,7 bilhões (2%)
Paraísos fiscais
Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, explica que os valores apresentados consideram o país onde está registrada a empresa que investe diretamente no Brasil, o “investidor imediato”.
Por isso, às vezes o investimento parece vir de países como Luxemburgo e Ilhas Cayman, pois muitas empresas usam esses locais para centralizar suas finanças por motivos tributários, mesmo que sua origem real seja outro país.
Quando o Banco Central considera o país controlador final, sem intermediários como paraísos fiscais, a lista muda um pouco:
- Estados Unidos: US$ 232,8 bilhões (26%)
- França: US$ 69,3 bilhões (8%)
- Uruguai: US$ 58,4 bilhões (7%)
- Espanha: US$ 50,0 bilhões (6%)
- Países Baixos: US$ 48,6 bilhões (5%)
Setores que atraem investimento
O setor de serviços é o que mais recebe investimento estrangeiro direto no Brasil, representando 59% do total, seguido da indústria com 29%, e da agropecuária e mineração com 12%.
Dentre os setores específicos, os que mais atraem capital estrangeiro são:
- Serviços financeiros e atividades relacionadas: 22%
- Extração de petróleo e gás natural: 8%
- Comércio, exceto veículos: 7%
- Eletricidade, gás e outras utilidades: 5%
- Produtos químicos: 4%
- Veículos automotores, reboques e carrocerias: 4%
No caso dos Estados Unidos, como país controlador final, 25% do investimento vai para a indústria de transformação e 22% para serviços financeiros, seguros e atividades correlatas.