Estudo projeto que mundo chegará ao pico populacional em 2043. Em 2100, Brasil deve ter menos habitantes que o Níger
Como será o mundo em 2100? Impossível saber como viveremos e quais tecnologias dominarão nossas vidas, claro. Mas ao menos é possível projetar quantos seremos. Um estudo da escola de medicina da Universidade de Washington publicado esta semana pela revista científica The Lancet traz uma série de estimativas demográficas para os próximos 80 anos. As projeções foram feitas para 195 países com base em fatores como fertilidade, mortalidade e imigração, e desenham mudanças surpreendentes.
O Brasil, como mostrou reportagem anterior da Exame, passaria dos atuais 211 milhões de habitantes para 164 milhões em 2100 — no caminho, chegaria ao pico populacional em 2043, com 235 milhões de pessoas. No mesmo ano, em 2043, o mundo chegaria ao seu pico populacional, passando dos atuais 7,6 bilhões para 9,7 bilhões de pessoas. Em 2100, segundo as projeções, serão 8,7 bilhões de pessoas.
A análise individual dos países mostra mudanças bruscas, para cima ou para baixo, em dezenas de países. Vinte e três têm previsão de quedas da população de 50%. “Nossas descobertas sugerem que tendências contínuas na educação feminina e no acesso a métodos contraceptivos vão acelerar o declínio na fertilidade e reduzir o crescimento populacional”, diz o estudo, financiado pela fundação Bill e Melinda Gates.
A Exame selecionou variações bruscas em 20 dos mais populosos países do mundo, nos gráficos abaixo. As maiores reduções de população virão da Ásia e da Europa, com o Japão liderando a lista entre as grandes economias, com uma perda de 54% da população. A China, que só recentemente começou a afrouxar a política de filho único, deve perder 680 milhões de pessoas até 2100. Itália e Espanha também perderão metade da população.
Entre as maiores altas previstas, por sua vez, estão principalmente países da África, onde a taxa de fertilidade ainda é muito elevada. O Egito deve dobrar de tamanho, Angola deve triplicar, a Nigéria, quase quadruplicar, e o Níger crescerá quase nove vezes. O país que hoje tem apenas 20 milhões de habitantes (pouco mais que o estado do Rio), deverá ser maior que o Brasil em 2100.
Claro que em 80 anos muita coisa pode mudar, mas as projeções populacionais são fundamentais para a formulação de políticas públicas. No Brasil, os próximos 23 anos são fundamentais para a construção de riqueza. Depois, com a redução gradativa da população, os desafios se multiplicam — mais ou menos como já acontece no Japão, na Itália, na Espanha…
Confira abaixo como ficará o ranking da população no mundo: