Com a evolução das tecnologias digitais, surgiram novas formas de aprendizado e interação, mas também aumentaram os riscos que atingem crianças e adolescentes. Um estudo do ChildFund Brasil mostrou que 54% dos adolescentes brasileiros já passaram por algum tipo de violência sexual online, o que destaca a urgência de uma ação conjunta entre o governo, sociedade e profissionais de proteção para combater esse problema.
Para isso, a Secretaria de Justiça e Cidadania do Distrito Federal (Sejus-DF) e o ChildFund Brasil começaram, no dia 12 de novembro de 2025, o 1º Ciclo de Formação em Letramento Digital para combater abusos e exploração sexual online. A abertura contou com mais de 6 mil inscritos de todo o Brasil, iniciando uma série de sete ciclos com atividades formativas, incluindo transmissões ao vivo mensais entre novembro de 2025 e maio de 2026, totalizando 23 horas de capacitação e certificação.
O curso é dirigido a conselheiros tutelares, educadores, autoridades públicas, agentes de proteção, defensores populares, pesquisadores e famílias, que desempenham papéis importantes na proteção de crianças e adolescentes. O objetivo é fortalecer habilidades e práticas de cidadania digital, preparando a rede de proteção para identificar riscos, entender o ambiente digital e agir de forma preventiva e acolhedora diante dos casos de abuso e exploração online.
Marcela Passamani, secretária de Justiça e Cidadania, ressaltou que “Existe um conflito geracional: muitos pais e responsáveis ainda não sabem identificar nem lidar com esse tipo de violência quando ela acontece no ambiente digital.”
Marcela Passamani também destacou a importância da capacitação contínua dos profissionais que atuam na proteção das crianças. Ela afirmou: “A participação de conselheiros tutelares e de toda a rede de proteção neste ciclo é muito importante. Embora já existam profissionais qualificados, é essencial aprimorar as habilidades diante do aumento desses desafios.”
O subsecretário de Políticas de Direitos Humanos e Igualdade Racial, Juvenal Araújo, enfatizou o impacto da iniciativa: “Essa parceria fortalece o trabalho dos conselhos tutelares e toda a rede de proteção. Além da formação, os conteúdos ajudarão a melhorar o atendimento às denúncias recebidas pela Sejus, por meio do canal de denúncias Cisdeca (125) e do Disque 100, que encaminha casos no Distrito Federal.”
Para o presidente executivo do ChildFund Brasil, Mauricio Cunha, o início do ciclo representa um marco histórico: “Hoje é um dia especial para o ChildFund e para o Governo do Distrito Federal, pois firmamos pela primeira vez um acordo com um ente federativo. Essa cooperação é um exemplo de como podemos unir esforços para proteger nossas crianças e adolescentes num ambiente digital mais seguro.”
O ChildFund está presente em mais de 70 países, promovendo cidadania e desenvolvendo programas de proteção e fortalecimento comunitário para crianças, adolescentes e famílias vulneráveis. A organização já beneficiou mais de 24 milhões de pessoas globalmente e, em 2024, atuou diretamente com mais de 1,3 milhão de pessoas no Brasil, em nove estados, focando na proteção online e no enfrentamento de violências digitais.
