Doha, a capital do Catar, recebeu nesta segunda-feira (15/9) uma reunião extraordinária da Liga Árabe e da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI), convocada depois do bombardeio israelense contra a cidade na última terça-feira (9/9). No comunicado final, países árabes e islâmicos manifestaram solidariedade plena ao Catar e prometeram suporte a quaisquer ações que Doha decida tomar em resposta à agressão.
“Reafirmamos nosso compromisso firme com a soberania, independência e segurança de todos os membros da Liga Árabe e da OCI, lembrando nossa obrigação coletiva de reagir à agressão para proteger nossa segurança comum. Condenamos fortemente qualquer violação da segurança de nossos Estados e mostramos total apoio contra ameaças à sua estabilidade”, declara o documento.
A declaração salienta que o ataque é uma agressão contra todos os Estados árabes e islâmicos. A ofensiva israelense atingiu áreas residenciais de Doha, incluindo locais usados para negociações de mediação promovidas pelo Catar, escolas e missões diplomáticas, causando mortos e feridos civis, incluindo um cidadão catari. O comunicado classificou o ato como covarde, ilegal e violação direta do direito internacional.
Escalada regional
A reunião destacou que o ataque representa uma grave escalada e ameaça os esforços de mediação no conflito em Gaza. O Catar tem sido o principal intermediário nas negociações para cessar-fogo e libertação de reféns.
O documento também denuncia os chamados crimes de genocídio, limpeza étnica, fome e cerco promovidos por Israel contra os palestinos, e sugere medidas concretas contra o governo de Benjamin Netanyahu, como sanções, suspensão do fornecimento de armas e revisão das relações diplomáticas e comerciais com Tel Aviv.
Solidariedade ampla
Os países árabes e islâmicos reforçaram que qualquer nova agressão contra o Catar ou outros Estados da região será vista como um ataque a todo o bloco. O comunicado elogiou a postura do governo do xeque Tamim bin Hamad Al Thani, emir do Catar, destacando sua reação responsável e respeito ao direito internacional.
A declaração final também ressaltou a importância do reconhecimento internacional do Estado Palestino, com base nas fronteiras de 1967 e Jerusalém Oriental como capital. Defende ainda a reconstrução urgente da Faixa de Gaza, convocando a comunidade internacional para atuar de forma efetiva e iniciando a reconstrução árabe-islâmica com apoio político e técnico, incluindo participação ativa na próxima Conferência de Reconstrução de Gaza, que ocorrerá no Cairo assim que o cessar-fogo for garantido.