Por Maria Paula Valtudes
Os cuidados paliativos são um campo da medicina que foca em aliviar sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Simone Vita, professora e orientadora, explica que esses cuidados não são exclusivos para pacientes com doenças terminais.
“Os cuidados paliativos se aplicam também a pessoas com doenças crônicas que convivem com riscos sérios para a vida”, diz ela.
Segundo Simone, esse tipo de cuidado vai além do tratamento médico tradicional. Ele oferece atenção humana e respeitosa para quem sofre com problemas físicos, emocionais ou sociais.
“Muitos enfrentam dificuldades psicológicas devido a problemas do corpo, família, sociedade ou finanças. Tudo isso está dentro do campo dos cuidados paliativos.”
Desafios do início do cuidado
O tratamento paliativo geralmente é indicado por um médico quando outras opções de tratamento já foram tentadas, mas Felipe Favilla, enfermeiro especializado do Hospital de Apoio (HAB), acredita que esse processo poderia ser diferente.
Ele destaca que o paciente passa por muito desgaste físico e emocional antes de receber esses cuidados.
“Os cuidados paliativos deveriam começar junto com o diagnóstico, mas muitas vezes só são oferecidos depois que o paciente já foi submetido a tratamentos cansativos e dolorosos”, explica Felipe.
Essa atitude faz com que o cuidado paliativo ainda seja visto como um último recurso, o que causa mais sofrimento aos pacientes.
“Infelizmente, muitas vezes os cuidados paliativos são tratados como uma solução tardia, e essa mentalidade precisa mudar”, afirma ele.
Informação clara é essencial
Para Simone e Felipe, é fundamental que pacientes, familiares e profissionais entendam claramente os cuidados paliativos para que eles sejam mais aceitos.
Felipe destaca que muita gente nem sabe quando pode receber esse tipo de cuidado.
Segundo dados do IBGE para 2024, o Brasil terá um aumento na população idosa, chegando a 37,8% em 2070. Isso significa que a necessidade de cuidados paliativos também vai crescer, devido ao aumento de doenças graves e crônicas.
É importante que os profissionais da saúde estejam bem informados, já que eles lidam diretamente com esses casos. Felipe conta que, ao começar a trabalhar em cuidados paliativos, precisou desaprender algumas ideias que tinha como intensivista.
“Aqui, não fazemos reanimação, pois o foco é oferecer uma proposta diferente para esses pacientes”, relata.
Simone acrescenta que trabalhar com cuidados paliativos requer mudar a forma tradicional de pensar que a medicina sempre busca curar.
“É um novo jeito de encarar a medicina, aprendendo que nem sempre o objetivo é curar, mas melhorar a vida do paciente.”
Política nacional para cuidados paliativos
Em 2024, o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional de Cuidados Paliativos, que incluiu esses cuidados no SUS, tornando-os mais acessíveis.
Embora recente, essa política é vista como um avanço importante para a população e para os profissionais da saúde.
Simone acredita que, com o tempo e novas políticas, mais pessoas terão acesso aos cuidados paliativos e a visão dos profissionais sobre eles vai mudar.
“Acredito que a população e os profissionais vão entender melhor essa área e conseguir transmitir isso aos pacientes e familiares”, conclui.
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira