Alimentos feitos em casa, como conservas, pastas e temperos vendidos em feiras e mercados, precisam de cuidados especiais durante o preparo e armazenamento. Se feitos de forma errada, podem permitir o crescimento da bactéria Clostridium botulinum, que cria uma toxina causando paralisia muscular e a doença botulismo, que é grave e precisa de tratamento rápido.
No Distrito Federal, um caso recente de botulismo foi ligado ao consumo de conserva de pimenta. O paciente já recebeu alta hospitalar e está se recuperando em casa com acompanhamento médico.
A médica gastro-hepatologista Daniela Carvalho explica que a toxina bloqueia a conexão entre nervos e músculos, resultando em sintomas como visão dupla, pálpebras caídas e dificuldade para respirar. Embora a doença seja grave, pode ser tratada se diagnosticada rapidamente.
Em bebês, os sintomas podem ser difíceis de perceber e incluem prisão de ventre, fraqueza muscular, dificuldade para sugar e choro fraco. Por isso, é importante que os cuidadores fiquem atentos às mudanças no comportamento dos pequenos, especialmente nos primeiros meses.
Crianças menores de um ano não devem consumir mel, pois ele pode conter esporos da bactéria e o sistema digestivo dos bebês ainda não está preparado para combater esses esporos.
Produtos artesanais
Quem compra alimentos caseiros em feiras deve verificar as embalagens. Tampas enferrujadas, estufadas ou com vazamentos são sinais de que o produto pode estar perigoso. Também é importante observar o cheiro e aparência; qualquer alteração ou presença de bolhas indica risco.
Além disso, conservas e pastas caseiras precisam ser mantidas na geladeira e consumidas dentro do prazo indicado. Produtos que ficam muito tempo sem refrigeração podem ser perigosos.
Preparações caseiras
Na hora de preparar alimentos em casa, é importante seguir algumas recomendações: lavar bem os alimentos com escova e água corrente; esterilizar potes e tampas fervendo por pelo menos 15 minutos; usar potes limpos com tampas novas e bem fechadas; e conservar os alimentos na geladeira.
A médica Daniela Carvalho alerta: “Nunca deixe alimentos prontos fora da geladeira por mais de duas horas”. Também é importante não reutilizar tampas de conservas para garantir que elas fechem bem e evitar contaminação.
Se houver qualquer sinal que possa indicar botulismo, procure atendimento médico imediatamente. A pessoa afetada permanece consciente mesmo com paralisia corporal, característica da doença.
Fiscalização
A Vigilância Epidemiológica do Distrito Federal atua rapidamente em casos suspeitos ou confirmados de botulismo. A diretora da Vigilância Epidemiológica, Juliane Malta, explica que, ao identificar um caso, são feitas ações para confirmar o diagnóstico, investigar a fonte da contaminação e tomar medidas para evitar novos casos.
Isso inclui coleta de informações clínicas, análise detalhada, envio de amostras para laboratório e orientação às equipes de saúde e à população sobre os cuidados necessários.
Também há colaboração com a Vigilância Sanitária e outros órgãos para localizar e retirar do mercado produtos contaminados ou inseguros. O objetivo é detectar precocemente, tratar corretamente e prevenir surtos da doença.
Com informações da Agência Brasília