‘Este não é o momento de ver rivalidades e criar novas tensões que possam prejudicar a recuperação mundial’, declarou o presidente indonésio Joko Widodo, anfitrião do encontro
Ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais do G20 iniciaram nesta quinta-feira (17) uma reunião de dois dias na Indonésia com advertências de que a crise na Ucrânia ameaça a recuperação econômica pós-pandemia.
“Este não é o momento de ver rivalidades e criar novas tensões que possam prejudicar a recuperação mundial, e menos ainda colocar em perigo a segurança mundial, como acontece hoje na Ucrânia”, declarou o presidente indonésio Joko Widodo, anfitrião do encontro, no discurso de abertura.
Para ajudar na recuperação econômica, Widodo fez um apelo por “sinergia e colaboração”.
Quase metade dos delegados das 20 maiores economias do mundo participará de forma virtual do evento. A reunião presencial foi transferida de Bali para a capital, Jacarta, no momento em que a Indonésia enfrenta uma crescente onda de contágios da variante ômicron do coronavírus.
Os países pretendem estimular a recuperação econômica e controlar uma nova onda pandêmica.
As discussões abordarão os riscos associados ao aumento da inflação em alguns países e a necessidade de uma “estratégia de saída” harmoniosa da política monetária complacente nos países desenvolvidos para evitar o efeito negativo sobre os países em desenvolvimento.
“Com a recuperação em curso, alguns países avançam para uma normalização de políticas antes de outros. O ajuste de sua política monetária, junto com a retirada de estímulos, vai moldar a futura economia mundial” declarou Perry Warjiyo, presidente do Banco Central indonésio.
“Isto poderia potencialmente criar condições financeiras globais menos favoráveis e causar saídas de capital dos mercados emergentes”, alertou.
O alívio da dívida dos países pobres, a reforma tributária e a organização e financiamento do sistema internacional de saúde também estarão na agenda.
A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, pediu avanços na dívida dos países pobres e “uma participação mais ativa da China”, um dos maiores credores, em entrevista à AFP.
Retirada de tropas
O governo da Rússia anunciou nesta quinta-feira, 17, que prossegue com a retirada militar da Crimeia, península ucraniana anexada, onde a presença de tropas de Moscou alimentava os temores de uma invasão.
“As unidades do distrito federal do Sul que terminaram sua participação em manobras táticas nas bases da península da Crimeia estão voltando para suas bases em trem”, afirmou o ministério da Defesa russo às agências de notícias.
Um canal de televisão local exibiu imagens de um trem com caminhões militares atravessando a ponte que liga a Crimeia ao território russo.
Há várias semanas, os países ocidentais expressam inquietação com a possibilidade de uma invasão da Ucrânia pela Rússia, que concentrou mais de 100.000 soldados na fronteira.
Após duas semanas de grande tensão, a Rússia, que sempre negou qualquer intenção de invasão, anunciou na terça-feira a retirada de parte de suas tropas. Os países ocidentais afirmam que não veem as declarações traduzidas em fatos e denunciam que, inclusive, a Rússia está enviando maias tropas para a região.