A conexão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o financista condenado por crimes sexuais Jeffrey Epstein continua a causar problemas para o republicano. Esta controvérsia ultrapassa as fronteiras da política interna americana.
Em sua viagem recente à Inglaterra, antes mesmo de se encontrar com a família real e o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, Trump enfrentou múltiplos protestos. As ruas do país foram palco de manifestações com projeções das imagens de Trump ao lado de Epstein nas paredes do Castelo de Windsor. A chegada do presidente norte-americano ao Reino Unido ocorreu na última quarta-feira, no âmbito de uma visita de Estado.
Durante sua estadia, milhares de manifestantes também se reuniram no centro de Londres para expressar sua insatisfação tanto com Trump quanto com Starmer, refletindo o desconforto gerado pela presença do presidente americano no país.
Detalhes da viagem
No Castelo de Windsor, Trump se encontrou com o rei Charles III e a família real. Ele e a primeira-dama, Melania Trump, foram recebidos pelo príncipe William e pela princesa de Gales, Kate Middleton, antes de serem saudados pelo rei e pela rainha Camilla.
Durante a viagem, Trump fez apelos para que a Europa interrompesse as compras de petróleo russo, argumentando que isso dificultava as negociações entre Rússia e Ucrânia. Ademais, assinou um acordo de “prosperidade tecnológica” com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, descrevendo a relação bilateral como um “vínculo inquebrável”. O pacote também inclui um investimento significativo de 150 bilhões de dólares de empresas americanas no Reino Unido.
O governo britânico enfrentava uma crise diplomática depois que foi revelado que o embaixador britânico nos EUA, Peter Mandelson, tinha ligações com Epstein, o que levou à sua demissão. Mandelson trocava e-mails com Epstein, defendendo sua condenação de 2008 como injusta.
Segundo o professor Roberto Uebel, especialista em Relações Internacionais, essa conexão entre Trump e Epstein prejudica a imagem do presidente e mina sua credibilidade política. No Reino Unido, onde a opinião pública é especialmente sensível a escândalos, essa associação aumenta a desconfiança em relação a Trump e seu governo.
Uebel ainda destacou que a demissão do embaixador britânico indica o esforço de Londres em mitigar riscos diplomáticos para evitar tensões maiores e preservar a imagem da monarquia, uma vez que Trump também se encontrou com o rei Charles III.
Histórico de Epstein e relação com Trump
Jeffrey Epstein foi um bilionário com conexões em círculos influentes da política, finanças e artes. Ele foi acusado de abusar sexualmente de centenas de menores desde os anos 1990 até os anos 2000, oferecendo dinheiro às vítimas e incentivando o recrutamento de outras jovens para os abusos.
Após um acordo controverso em 2008, que lhe garantiu uma pena branda, Epstein foi novamente preso em 2019 e encontrado morto em sua cela, uma morte registrada como suicídio, mas que ainda gera teorias conspiratórias.
Trump e Epstein foram amigos próximos durante os anos 1990 e 2000, participando juntos de festas e eventos sociais. Em 2002, Trump chegou a elogiar Epstein publicamente, dizendo que ele gostava de mulheres jovens.
A demissão de Peter Mandelson evidencia a percepção de que a rede de Epstein representa uma grave ameaça reputacional para governos, especialmente após protestos que vinculam diretamente Trump a esse universo. As imagens projetadas no Castelo de Windsor reforçam uma narrativa negativa que tende a se consolidar internacionalmente, principalmente em sociedades que valorizam a transparência.
Conforme Uebel, a mensagem é clara: Trump não pode se isentar da responsabilidade pela sua participação em um ambiente marcado por privilégios e abusos.
