Surto fora de controle abre caminho para que mais mutações evoluam, o que poderia desafiar as vacinas atualmente distribuídas
A Índia é agora o epicentro da pandemia de covid-19, com número recorde de novos casos a cada dia. Imagens de hospitais sobrecarregados de doentes e pessoas morrendo inundam as redes sociais, enquanto profissionais de saúde e a população fazem apelos desesperados por suprimentos de oxigênio. Mais de 200.000 pessoas morreram por covid, embora o número real seja provavelmente muito maior.
As capitais políticas e financeiras de Nova Déli e Mumbai estão fechadas, e apenas o som de sirenes de ambulâncias quebra o silêncio. Mas os dedos apontam cada vez mais para o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, sobre a resposta do governo à pandemia.
O governo Modi tentou bloquear algumas críticas recentes de sua resposta ao coronavírus no Twitter, onde se torna evidente a raiva e a decepção com o líder da Índia.
Os números fazem diferença. A Índia conta com uma população de 1,4 bilhão, menor apenas que a da China. Até 30 de abril, as mortes por covid-19 registradas no país somavam 208.330. Na campanha de imunização, 152 milhões de doses foram administradas, cobrindo apenas 5,6% da população.
Por que isso importa
A onda de covid-19 da Índia interrompeu de repente sua campanha de diplomacia de vacinas, depois que o primeiro-ministro chamou o país do sul da Ásia de “farmácia para o mundo” e fez promessas ambiciosas sobre a capacidade de enviar milhões de imunizantes ao exterior.
As exportações e doações do país tiveram grande peso na Covax, o programa global da Organização Mundial da Saúde para fornecer vacinas a países de baixa renda. Quando a oferta quase secou, muitos países correram para encontrar alternativas.
Dada a crescente importância estratégica da Índia, a crise coloca em risco não apenas a recuperação preliminar da terceira maior economia da Ásia, mas também as tentativas de controlar a covid-19 e estimular a retomada global.
Alguns cientistas associaram a nova onda da Índia a uma cepa mais virulenta, e o surto fora de controle abre caminho para que mais mutações evoluam, o que poderia desafiar as vacinas atualmente distribuídas da Europa aos EUA.