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sábado, 02/08/2025

Crianças em Gaza enfrentam grave desnutrição, alerta ONU

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“As pessoas em Gaza não estão nem mortas nem vivas, são cadáveres ambulantes”, relatou-me um colega, afirmou nessa quinta-feira (24/7) o chefe da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA), Philippe Lazzarini, chamando atenção para a crítica situação dos moradores e do sistema de apoio humanitário do enclave palestino.

Em uma publicação no X, Lazzarini revelou que uma em cada cinco crianças está desnutrida na Cidade de Gaza e que a fome cresce a cada dia.

“Com o aumento da desnutrição infantil, os meios de enfrentamento fracassam, o acesso a alimentos e cuidados desaparece, e a fome passa a se instalar silenciosamente. A maioria das crianças atendidas por nossas equipes está enfraquecendo e corre alto risco de morte se não for tratada com urgência. Mais de 100 pessoas, principalmente crianças, morreram de fome conforme relatos”, escreveu ele.

Lazzarini ainda acrescentou que os próprios funcionários da UNRWA estão desmaiando no trabalho devido à fome.

“A crise crescente afeta a todos, inclusive aqueles que tentam salvar vidas no enclave destruído pela guerra. Os profissionais de saúde da linha de frente da UNRWA estão sobrevivendo com uma única refeição diária, muitas vezes apenas lentilhas, se conseguirem,” contou Lazzarini, citando relatos de funcionários na Faixa de Gaza.

“Quando os cuidadores não encontram comida suficiente, todo o sistema humanitário desmorona”, alertou.

“Pais estão famintos demais para cuidar dos filhos. Os que chegam às clínicas da UNRWA estão sem energia, comida ou condições para seguir recomendações médicas. As famílias estão à beira do colapso, incapazes de sobreviver.”

Lazzarini afirmou que a agência possui grande quantidade de alimentos estocados em países vizinhos à Gaza e solicitou que Israel permita que a ajuda chegue ao enclave. “Temos o equivalente a seis mil caminhões carregados de alimentos e materiais médicos na Jordânia e no Egito.”

A ONU e grupos humanitários que tentam entregar alimentos em Gaza afirmam que Israel, que controla o que entra e sai do território, está bloqueando as entregas de ajuda, além de acusado por grupos de direitos humanos de matar centenas de palestinos a tiros perto dos pontos de coleta desde maio.

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, gerido pelo Hamas, 111 pessoas já morreram de fome no local, a maioria recentemente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que esteve quase 80 dias, entre março e maio, sem poder fornecer alimentos e que as entregas ainda são insuficientes.

Em comunicado divulgado em 23/7, 111 organizações humanitárias, incluindo Mercy Corps e o Conselho Norueguês para Refugiados, denunciaram que toneladas de alimentos, água potável e suprimentos médicos estão parados nos arredores de Gaza, sem poder ser distribuídos.

Israel iniciou um bloqueio total a Gaza em março e o reabriu com restrições em maio. O governo israelense alega permitir a entrada de ajuda, mas a controla para evitar desvios por militantes do Hamas, e acusa o grupo pela crise humanitária enfrentada pelos 2,2 milhões de habitantes da Faixa de Gaza.

Representantes israelenses criticam a ONU por suposta demora na reação, afirmando que 700 caminhões de ajuda estão parados na fronteira. “É hora de deixarem as acusações contra Israel e resolverem os gargalos,” disse o porta-voz do governo israelense, David Mercer, em comunicado.

Ross Smith, diretor de emergências do Programa Mundial de Alimentos da ONU, destacou a necessidade de segurança para operar na região: “Precisamos garantir que não haja agentes armados próximos aos nossos pontos de distribuição e comboios.”

Até o momento, a guerra na Faixa de Gaza, iniciada após ataques do Hamas que causaram a morte de cerca de 1,2 mil israelenses e levaram outros 251 como reféns, já ceifou quase 60 mil vidas palestinas, segundo dados locais, devastando grande parte do território e forçando deslocamento massivo da população.

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