GUSTAVO SOARES
FOLHAPRESS
Em 2004, quando a Konami lançou o jogo “Metal Gear Solid 3: Snake Eater”, o console PlayStation 2, da empresa japonesa Sony, já era um grande sucesso em uma indústria em crescimento.
Desde então, essa franquia, que mistura furtividade com espionagem, tornou-se muito popular. O PS2 vendeu 160 milhões de unidades, um recorde até hoje, e o setor de jogos movimenta cerca de US$ 200 bilhões por ano.
Com o lançamento próximo do remake “Metal Gear Solid Delta: Snake Eater”, um jogo restaurado com gráficos e mecânicas modernas, as empresas de tecnologia japonesas, especialmente as de games, estão em um dos melhores momentos da história.
A Konami, proprietária da série “Metal Gear”, viu seu valor de mercado crescer de cerca de US$ 3 bilhões em 2004 para aproximadamente US$ 23 bilhões atualmente. A Sony também teve um aumento significativo, passando de US$ 35 bilhões para cerca de US$ 165 bilhões.
Somente este ano, as ações da Konami subiram 65%, e as da Sony, 27,5%, superando o índice da Bolsa de Tóquio, o Nikkei 225, que cresceu 8,4%. Outras empresas como Nintendo, Capcom e Bandai Namco também registram altas históricas em seus valores de mercado.
O sucesso do PlayStation 5, o lançamento esperado do Nintendo Switch 2 e a força de marcas globais como a série do agente secreto Snake contribuem para esse crescimento, que também é influenciado pelo acordo comercial recente entre Estados Unidos e Japão. Esse acordo estabeleceu tarifas de importação de 15%, menos do que os 24% inicialmente previstos, gerando otimismo no mercado japonês.
Hironori Akizawa, diretor de investimentos da Tokio Marine Asset Management International, comentou que, enquanto setores como as montadoras enfrentam revisões negativas devido às tarifas, as ações de empresas com demanda estável e forte estão sendo favorecidas.
De acordo com a empresa de pesquisa Newzoo, o sucesso das principais empresas de jogos japonesas decorre da qualidade consistente, reconhecimento global de suas propriedades intelectuais e a capacidade de atingir tanto o mercado doméstico quanto o internacional.
Exemplos disso são jogos baseados em franquias consolidadas como “Resident Evil”, da Capcom, e jogos inéditos como “Elden Ring”, da Bandai Namco, que ultrapassou 30 milhões de unidades vendidas neste ano.
Emmanuel Rosier, diretor de inteligência de mercado da Newzoo, destaca que as empresas japonesas vivem uma fase decisiva, com um impulso global tão grande quanto na era dos primeiros consoles.
Esse cenário é especialmente positivo quando comparado com os Estados Unidos, onde a indústria enfrenta demissões, pressão por preços e desenvolvimento caro e prolongado de jogos como “Grand Theft Auto 6”, previsto para o próximo ano.
Remakes têm sido uma opção segura para as empresas, pois exigem menos investimento e mantêm interesse enquanto projetos maiores são desenvolvidos.
O “Metal Gear Solid Delta: Snake Eater” traz principalmente melhorias gráficas, adaptando o jogo original de 2004 para padrões visuais atuais, mantendo a jogabilidade.
Noriaki Okamura, produtor do jogo, afirmou que o objetivo é permitir que os jogadores atuais conheçam a franquia e também ajudar desenvolvedores jovens a aprimorar suas habilidades ao trabalharem em um título importante.
Rosier observa que os remakes devem complementar o desenvolvimento de jogos novos, não substituí-los.
Ele ainda destaca que, diferente dos Estados Unidos, onde dominam jogos de serviço e blockbusters, e da China e Coreia do Sul, onde prevalecem modelos para celular, as empresas japonesas combinam tradição e inovação de forma equilibrada e sustentável.
Metal Gear Solid Delta: Snake Eater
- Data de lançamento: 28 de agosto
- Preço: R$ 399,90
- Classificação etária: 18 anos
- Produção e publicação: Konami
- Plataformas: PC, PlayStation 5 e Xbox Series