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segunda-feira, 10/11/2025




Creatina: do músculo ao cérebro, mais do que um suplemento

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Em Brasília

Por quase trinta anos, a creatina foi conhecida principalmente como um suplemento para crescimento muscular. Ela ficou popular nas academias a partir dos anos 1990 e é considerada um dos suplementos mais seguros e eficazes para aumentar a força e o desempenho em exercícios intensos. Nos últimos tempos, contudo, a atenção passou a se voltar para outro benefício potencial: a melhora da função cerebral.

O nutrólogo Diogo Toledo, do Einstein Hospital Israelita, explica que estudos mostram que o cérebro precisa de energia rápida para desempenhar funções como a memória e o raciocínio. Assim, os pesquisadores começaram a investigar se a creatina poderia ajudar a fornecer essa energia, principalmente em situações de estresse mental, fadiga ou doenças neurológicas.

Um estudo alemão recente, publicado em 2024, mostrou que voluntários privados de sono apresentaram uma leve melhora na memória e raciocínio após tomar uma dose alta de creatina. Embora o estudo tenha sido pequeno e sob condições extremas, ele gerou discussão sobre os possíveis efeitos da creatina no cérebro.

Entretanto, segundo o nutricionista Igor Eckert, cofundador da Reviews, a evidência ainda é limitada e apresenta resultados inconsistentes. Ele adverte que a creatina não deve ser vista como uma substância milagrosa para aumentar o desempenho mental em pessoas saudáveis.

Como a creatina age no corpo

A creatina é produzida naturalmente pelo corpo, a partir de aminoácidos, e também é obtida pela alimentação, especialmente em carnes e peixes. Ela funciona armazenando energia que pode ser rapidamente usada pelas células musculares e cerebrais em momentos de alta demanda.

A suplementação com creatina é uma forma prática de alcançar níveis que seriam difíceis de obter apenas com a alimentação. Isso pode melhorar a força em exercícios que exigem esforço explosivo, como levantamento de peso e corridas curtas.

Do músculo para o cérebro

Muitos estudos confirmam que a creatina ajuda no desempenho muscular, aumentando a capacidade de gerar força e massa magra. No cérebro, a creatina tem o mesmo papel de fornecer energia para as células funcionarem melhor.

Pesquisas sobre a creatina e a cognição começaram no início dos anos 2000, mostrando pequenos benefícios em certas tarefas cognitivas, especialmente em idosos e pessoas privadas de sono. Contudo, os resultados são mistos e ainda não há consenso científico.

Limitações das evidências

Estudos recentes mostraram que a creatina pode ajudar em situações de estresse mental, mas não há comprovação de que ela melhore o funcionamento cognitivo em condições normais. Além disso, não está claro qual seria o impacto prático dos pequenos ganhos observados nos testes.

O nutrólogo Diogo Toledo destaca que a creatina pode ser útil como suporte energético em momentos de necessidade, mas não deve ser vista como um estimulante cerebral milagroso.

Use com cautela em doenças neurológicas

Em relação a doenças como Parkinson, Huntington e esclerose múltipla, grandes estudos não mostraram benefícios significativos da creatina, o que diminui as expectativas para seu uso clínico nessas condições.

Um estudo recente com pacientes de Alzheimer mostrou que a creatina é segura e pode aumentar seus níveis no cérebro, mas ainda faltam evidências de eficácia clínica devido ao pequeno número de participantes e à falta de controle no estudo.

Segurança e cuidados

A creatina é considerada segura para pessoas saudáveis dentro das doses recomendadas, mas pacientes com problemas nos rins ou fígado devem ter orientação médica. Também não se sabe o impacto do uso prolongado por muitos anos.

Igor Eckert alerta para a importância de novas pesquisas que definam as doses ideais e identifiquem quem realmente pode se beneficiar da suplementação, além de ressaltar que a creatina deve ser parte de um cuidado integrado e não uma solução isolada.

Vale lembrar que apostar em suplementos não comprovados pode fazer as pessoas negligenciarem outras medidas essenciais para a saúde cerebral.




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