A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) responsável pela investigação das fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) obteve sucesso em intimar Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e o empresário Maurício Camisotti para prestarem depoimento à comissão. As audiências foram agendadas para os dias 15 e 18 de setembro.
No início dos trabalhos, o presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), informou que solicitou à Polícia Legislativa a intimação pessoal do “Careca do INSS”, devido à ausência de resposta da defesa dele às tentativas anteriores de contato.
O escândalo envolvendo o INSS veio à tona por meio de uma série de reportagens iniciadas em dezembro de 2023, que destacaram o crescimento expressivo na arrecadação das entidades por meio dos descontos aplicados nas mensalidades dos aposentados, atingindo cerca de R$ 2 bilhões em um ano, em meio a inúmeras ações judiciais contra fraudes nas filiações.
As investigações resultaram na abertura de um inquérito pela Polícia Federal (PF) e embasaram apurações da Controladoria-Geral da União (CGU). Ao todo, 38 reportagens foram consideradas pela PF na representação que originou a Operação Sem Desconto, deflagrada em 23 de abril de 2024. A operação levou à demissão do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.
Antônio Carlos Camilo Antunes, apelidado de “Careca do INSS”, detinha procurações das associações para representá-las perante o Instituto. A quebra de sigilos bancários revelou pagamentos realizados por ele e suas empresas a familiares de ex-dirigentes do INSS. Ele recebia uma comissão de 27,5% sobre os valores descontados nas aposentadorias que angariava para o grupo.
O empresário Maurício Camisotti, conforme apontam as investigações, gerenciava três entidades que acumularam receita superior a R$ 1 bilhão desde 2021, por meio dos descontos indevidos, utilizando laranjas para ocultar essa movimentação.