O presidente da CPI do INSS, Carlos Viana (Podemos-MG), ordenou na madrugada desta terça-feira, 4, a prisão de Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, que é presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA). O pedido de prisão foi feito pelo relator da CPI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL). Esta é a terceira prisão realizada durante a CPI.
Carlos Viana afirmou que em várias ocasiões Abraão Lincoln, como testemunha, prestou depoimentos falsos e ocultou a verdade. Ele disse: “Em nome dos aposentados, quase 240 mil vítimas da CBPA, Abraão Lincoln da Cruz, você está preso.”
O relator Alfredo Gaspar detalhou quatro situações para justificar o pedido de prisão. Primeiro, Abraão Lincoln manteve silêncio sobre seu conhecimento de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, o que foi interpretado como tentativa de esconder a verdade. Segundo, ele afirmou ter apenas uma relação institucional com Gabriel Negreiros, mas a relação era mais próxima. Terceiro, não informou que Adelino Rodrigues Junior tinha poderes para movimentar recursos da CBPA, e quarto, disse que saiu da Confederação Nacional de Pescadores e Aquicultores (CNPA) por renúncia, mas foi por decisão judicial, conforme mostrado pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES).
Alfredo Gaspar reforçou que em quatro oportunidades Abraão Lincoln mentiu ou omitiu a verdade durante seu depoimento, por isso solicitou sua prisão em flagrante por falso testemunho, em respeito ao povo brasileiro e aos parlamentares.
Durante a sessão, quando Abraão Lincoln decidiu permanecer em silêncio para todas as perguntas, Alfredo Gaspar adiantou que usaria este comportamento como base para o pedido de prisão por falsidade.
A CBPA mantém negócios com empresas ligadas a Antônio Camilo Antunes e tem relações financeiras com políticos de diversos estados, além de atuar fortemente em Brasília, com representação no Conselho Nacional de Aquicultura e Pesca (Conape) através do deputado estadual Juscelino Miguel dos Anjos (Republicanos-PB).
A entidade é alvo da Polícia Federal na Operação Sem Desconto, que resultou no bloqueio dos bens da confederação e de seu presidente. Segundo a CPI do INSS, a CBPA está no centro de uma fraude que teria causado um prejuízo de aproximadamente R$ 221,8 milhões aos segurados do INSS.
Outra suspeita apresentada pelo Coaf revela uma movimentação de R$ 410 milhões na conta da CBPA em uma agência do Banco do Brasil em Ceilândia, Brasília, entre maio de 2024 e maio de 2025, com entradas e saídas quase equilibradas.
Além de Abraão Lincoln, foram presos também Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), e Rubens Oliveira Costa, apontado pela Polícia Federal como intermediário do Careca do INSS. Ambos foram presos por falso testemunho.
Estadão Conteúdo
