Esgotamento foi registrado às 5h10 desta segunda-feira (8), para alas adulta e pediátrica; apenas 5 vagas neonatais estavam disponíveis. Apesar da sobrecarga no sistema, governador autorizou reabertura de academias e escolas particulares.
A taxa de ocupação dos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI), adulto e pediátrico, da rede pública de saúde do Distrito Federal e para tratamento de pessoas com a Covid-19 chegou a 100%, nesta segunda-feira (8). Levantamento da Secretaria de Saúde, divulgado às 5h10, mostrou que apenas cinco vagas para atendimento neonatal estavam disponíveis.
Essa foi a primeira vez que ocorreu o esgotamento dos leitos para tratamento de crianças e adultos na capital. Apesar da falta de leitos, o Governo do Distrito Federal (GDF) permitiu o funcionamento de escolas particulares e de academias a partir desta segunda, atividades que estavam suspensas para frear a disseminação da doença (veja mais abaixo).
Ao todo, são 285 vagas exclusivas para pessoas com o novo coronavírus. Dessas, 266 estavam ocupadas e 14, bloqueadas. No total, a taxa de ocupação chegou a 98,15%.
Às 6h10, a pasta divulgou novo relatório. De acordo com os dados, a taxa de ocupação dos leitos adultos caiu para 98,85%. Ao todo, três leitos foram liberados: um no Hospital Regional da Asa Norte e outro no Hospital de Campanha da PM.
Além das unidades ocupadas, havia 70 pessoas com suspeita ou confirmação da Covid-19 à espera de um leito de UTI. Outras 31 estavam internadas e precisavam de transferência para vagas com suporte específico.
No sábado (6), o governador Ibaneis Rocha (MDB), em uma rede social, informou que foram abertos 102 leitos de UTI na última semana. Além disso, ele garantiu outras 119 vagas até domingo (14). O anúncio foi feito após o chefe do Executivo informar que reabriria academias e escolas, fechadas em 28 de fevereiro junto a outros setores, para conter a disseminação da Covid-19.
Também no último sábado, em entrevista à TV Globo, o secretário-adjunto de assistência à Saúde da capital, Petrus Sanchez, negou que haja colapso na rede pública.
“Temos dificuldades de toda ordem: dos não residentes do DF e daqueles que usavam dos hospitais privados. O estado é critico”, disse.
Rede privada
Na rede privada, o levantamento da pasta, divulgado neste domingo (7), mostra que a taxa de ocupação está em 93,25%. Restam apenas 16 vagas nos hospitais particulares da capital para tratamento de pessoas com Covid-19.
No total, são 240 leitos. Desses, 223 estão ocupados e um bloqueado. O monitoramento da secretaria indica que 100% das vagas pediátricas estão preenchidas e a taxa de ocupação na UTI adulta chega a 93,23%.
Reabertura
Em meio ao aumento de casos e às altas taxas de ocupação dos leitos de UTI, o governo do DF decidiu reabrir academias e escolas nesta segunda-feira (8). A medida, entretanto, não é recomendada por especialistas.
O epidemiologista da Universidade de Brasília (UnB) Jonas Brant explica que alguns locais, como as academias, são mais propícios para propagação do vírus.
“O que temos visto é que alguns ambientes têm uma característica maior para transmissão da Covid-19, tendo em vista as atividades que são realizadas. Um deles são as academias”, disse.
Segundo o epidemiologista, nesses ambientes, geralmente, há pouca ventilação e as pessoas fazem exercícios. Com isso, a respiração é mais intensa, o que elimina vírus e bactérias, que circulam pelo ar.
Restrições
Devido ao avanço da pandemia na capital, Ibaneis decidiu restringir atividades não essenciais em 28 de fevereiro. Decreto suspendeu o funcionamento de diversos segmentos, como comércio, bares e restaurantes.
Com o novo decreto, shoppings, bares, restaurantes permanecem fechados, enquanto supermercados, farmácias e clínicas podem funcionar. Além disso, a norma proíbe a venda de bebidas alcoólicas depois das 20h.
A suspensão, no entanto, exclui alguns segmentos, como o de veículos automotores, bancas de jornal, escritórios profissionais, óticas, papelarias e lavanderias. Parques e o Zoológico de Brasília, além do setor da indústria e da construção civil, também têm permissão para funcionar.
Uma semana após o decreto, o emedebista liberou o funcionamento de academias e escolas particulares, que voltaram a funcionar nesta segunda.