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sexta-feira, 22/11/2024
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Covid-19: novas doses de vacinas devem chegar ao DF até o início de março

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Em Brasília

Em reunião com o governo federal, na segunda-feira (22/2), gestores da Secretaria de Saúde do DF receberam a informação de que o lote de vacinas previsto para chegar nesta terça-feira (23/2) será entregue até o início de março. Contudo, não há prazo definido nem previsão de quantidade

Com 6 mil unidades em estoque para a primeira dose, vacinação corre o risco de ser interrompida nesta terça-feira (23/2); distritais vão ao STF para pedir compra direta – (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

A população do Distrito Federal esperava receber, hoje, mais doses de vacina contra a covid-19. No entanto, após a Secretaria de Saúde (SES-DF) ter a informação de que o repasse de novas unidades deve sofrer atrasos, a campanha de imunização corre risco de ser interrompida nesta semana. O informe saiu ontem, após reunião entre representantes da pasta e do Ministério da Saúde — que garantiram o envio dos imunizantes até o início de março.

Até ontem, a capital federal tinha em estoque, aproximadamente, 6 mil unidades para aplicação da primeira dose. A quantidade é suficiente para mais um dia de vacinação, considerada a média diária. Caso fosse entregue na data esperada, o novo lote permitiria ampliar a campanha para, ao menos, pessoas com 78 anos. No entanto, com o atraso e sem um indicativo do total de novas vacinas que chegarão, integrantes da SES-DF não sabem quando novos grupos farão parte do processo de imunização.

Os gestores da SES-DF também se preocupam com uma possível pausa forçada na aplicação da primeira dose, devido à falta de imunizantes. No estoque, restam 23.435 vacinas ao todo — sendo 17.249 reservadas para o reforço. Para o infectologista do Hospital Sírio-Libanês de Brasília Alexandre Cunha, a notícia do atraso é ruim . “Quanto mais demorarmos para avançar na imunização da população, mais a pandemia vai se estender. Todo atraso é relevante”, destaca.

Alexandre Cunha acrescenta que o DF não está em uma situação confortável em relação à pandemia. “Não estamos em meio ao caos igual a outras unidades da Federação, mas, também, não está tranquilo. Neste momento, é importante reforçarmos as medidas de segurança sanitária, para evitar mais proliferação da covid-19”, completa o médico.

Pressão

Após saber do atraso na entrega de mais doses e, consequentemente, da ampliação da campanha, representantes do Legislativo se pronunciaram. A Comissão da Vacinação da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), por exemplo, informou que recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir celeridade no julgamento de uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) do governo da Bahia. O objetivo é pedir a anulação da medida provisória (MP) que centraliza no Ministério da Saúde a compra de imunizantes.

Integrantes da bancada do DF na Câmara dos Deputados informaram que devem levar a pauta da vacinação à reunião com o governador Ibaneis Rocha (MDB), nesta quarta-feira (24/2), e que cobrarão respostas do governo federal em relação à disponibilidade de vacinas em todo o país. Os senadores que representam a capital federal pretendem reforçar na agenda questões relacionadas à vacinação.

O Ministério da Saúde informou que o cronograma de envio das vacinas contra a covid-19 será divulgado após a entrega dos produtos pelos laboratórios fornecedores. A pasta acrescentou que está prevista para esta semana a chegada de 2 milhões de doses da Covishield — da AstraZeneca/Oxford — importadas da Índia. Outra remessa, com 2,7 milhões de doses da CoronaVac, deve ser entregue ao governo federal nesta semana, pelo Instituto Butantan, em São Paulo. O Ministério teria adotado estratégia para priorizar as unidades da Federação em situação mais crítica, segundo fontes informaram ao Correio. Entre elas, estariam estados com mais casos, mortes e maior ocupação de leitos por pacientes com covid-19.

Pandemia

Entre domingo e segunda-feira (22/2), a SES-DF confirmou 951 novos casos da doença e mais nove mortes. O total de registros chegou a 290.771, sendo que cerca de 280 mil (96,5%) se recuperaram e 4.766 (1,6%) não resistiram às complicações da infecção. A ocupação de leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs) voltadas ao tratamento de pacientes com o novo coronavírus chegou a 90,3% na capital federal. Atualmente, há 172 vagas na rede pública e 220, na particular. Do total, 310 estão ocupados, 64 livres e 18 bloqueados, aguardando liberação.

A secretaria informou, por meio de nota, que ativou 40 leitos no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) e 15 no Hospital Daher. Até quarta-feira (24/2), a pasta pretende abrir 13 vagas, sendo sete no Hospital Regional de Samambaia (HRSam), com inauguração de nova ala, e seis no Hospital de Campanha da Polícia Militar. Em relação à quantidade de vacinas disponíveis até a noite de ontem, o total era suficiente para meio dia de atendimento hoje, com aplicação da primeira dose. No caso do reforço, as disponíveis no estoque permitem a vacinação por 19 dias. Segundo balanço mais recente divulgado pela SES-DF, 116.604 pessoas receberam a primeira dose no DF, e 23.791, a segunda.

Aplicação por agendamento

 

Em unidades básicas de saúde (UBSs) vistadas pela reportagem, quantidade disponível acabou pela manhã -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
crédito: Ed Alves/CB/D.A Press

Mesmo com as incertezas que envolvem a campanha de vacinação no Distrito Federal, ontem, teve início a aplicação da segunda dose da CoronaVac em pessoas que haviam recebido a primeira e tinham o reforço agendado para até a próxima sexta-feira (26/2). A Secretaria de Saúde informou que, até o início do dia, cerca de 1.145 brasilienses haviam feito o agendamento. Apenas pontos drive-thru receberam esse público.

A reportagem percorreu alguns dos locais de atendimento, incluindo unidades básicas de saúde (UBSs), e verificou que, enquanto alguns pontos não tinham fila e estavam com movimento tranquilo, outros ficaram sem doses antes de meio-dia dessa segunda-feira (22/2). Na UBS nº 1 da Asa Sul, na Quadra 612, havia 10 unidades disponíveis, mas elas acabaram no início do dia. Cada uma é suficiente para vacinar uma pessoa. No bairro Lucio Costa, a situação era semelhante. Entre 8h e 10h, não havia imunizantes disponíveis. As entregas de vacinas ocorrem diariamente, mas não há previsão da chegada de mais ao DF.

Maria Aparecida Silva Santos completou 79 anos no domingo (21/2) e foi uma das 10 pessoas que conseguiram se vacinar na manhã de segunda-feira (22/2), na 612 Sul. Moradora da região, ela chegou cedo para garantir a primeira dose. “Estava aflita para me vacinar, com aquela angústia de que chegasse o dia (do aniversário), acabassem a dose e eu ficasse sem vacinar. Ainda bem que chegamos mais cedo”, comemorou.

Outra aniversariante que passou pela UBS nº 1 foi Maria Francisca de Jesus. Desde o início da pandemia, ela estava isolada com o marido. em um sítio em Abadiânia (GO). Ela precisou esperar até segunda-feira (22/2), quando completou 79 anos, para tomar a primeira dose, pois passou a integrar o grupo prioritário. “É um presente que estou ganhando. Agora, só espero boas coisas”, disse. A Secretaria de Saúde garante que há vacinas para a aplicação em todos que precisam da segunda dose da CoronaVac, pois as unidades estão reservadas. Quem foi imunizado com a Covishield tem até três meses para receber o reforço. (SS)

Situação no DF exige prevenção

Prevemos que as próximas semanas serão as piores no Distrito Federal, em relação ao número de casos e à ocupação de leitos em hospitais que tratam covid-19, devido às aglomerações e festas clandestinas registradas no feriado de Carnaval. O impacto da pausa da vacinação não será imediato, mas, quanto mais tempo demorarmos para vacinar as pessoas e ampliar a campanha de imunização, mais casos vão aparecer, mais pessoas vão precisar ser hospitalizadas e, consequentemente, teremos mais mortes. Isso tudo somado pode levar a vários outros problemas, como surgimento de mais variantes do novo coronavírus e sobrecarga do sistema de saúde. Reforço que, neste momento, é necessário prevenção. A falta de vacinas é um problema que atinge todo o país, mas é preciso que, enquanto os imunizantes não chegarem, todos façam sua parte. Usem máscaras, realmente evitem aglomerações e higienizem as mãos constantemente.

Leandro Machado, infectologista e professor da Universidade Católica de Brasília (UCB)

 

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