IDIANA TOMAZELLI
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
Os Correios receberão R$ 4,03 milhões pelo serviço prestado aos beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que tiveram descontos indevidos em suas mensalidades associativas.
O acordo estabelece o pagamento de R$ 7,90 por atendimento e foi feito para acelerar o suporte à população afetada por essas fraudes, além de gerar uma receita extra para os Correios, em um momento em que a estatal enfrenta desafios financeiros.
Conforme o INSS, 510 mil contestações foram feitas via serviço postal. Contudo, o total de atendimentos ultrapassa 900 mil, sendo que o pagamento será efetuado apenas para os atendimentos relacionados aos descontos indevidos.
A decisão do INSS de terceirizar parte do atendimento gerou críticas internas. Representantes do instituto acreditam que uma ação direta do próprio órgão, com força-tarefa e ampliação do horário das agências, seria mais adequada para atender a população.
Entretanto, muitos servidores atuam remotamente e resistem ao retorno presencial, o que leva defensores da terceirização via Correios a argumentarem que forçar o atendimento nas agências poderia agravar a crise e até provocar greves.
Em comunicado conjunto, INSS e Correios confirmaram a operação do serviço via contrato no programa Balcão do Cidadão, que também aceita pedidos de auxílio-doença via Atestmed, sem divulgar os valores envolvidos.
Os Correios enfrentam uma sequência de prejuízos elevados, crescendo de um déficit de R$ 633,5 milhões em 2023 para R$ 2,6 bilhões no ano anterior.
Nos primeiros três meses de 2025, a estatal já registrou um saldo negativo de R$ 1,7 bilhão, mais que o dobro do registrado no mesmo período em 2024 (R$ 801,2 milhões).
As receitas caíram drasticamente, principalmente nos serviços de postagem internacional, que reduziram em 12% no último ano e 58,4% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao ano anterior.
A perda de mercado para pequenas encomendas, devido ao programa Remessa Conforme da Receita Federal, impactou negativamente as receitas dos Correios, embora tenha aumentado a arrecadação fiscal do governo com o fim da isenção para mercadorias de até US$ 50.
Por outro lado, as despesas da estatal aumentaram, especialmente com pessoal, que subiu 8,1% em 2024 e manteve a alta de 9,1% nos três primeiros meses de 2025. Os custos operacionais subiram 4,7% no ano passado, além de 3,2% neste início de ano.
Em maio, ao divulgar o balanço de 2024, os Correios anunciaram um plano para cortar R$ 1,5 bilhão em despesas durante 2025. Medidas incluem um Programa de Desligamento Voluntário (PDV) e a obrigatoriedade do retorno presencial dos funcionários a partir de 23 de junho.
A estatal também ajustou sua malha aérea, reduzindo cinco linhas e quatro trechos, gerando economia diária de R$ 1 milhão, sem comprometer a qualidade dos serviços.
Além disso, estão em negociação com o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como Banco dos Brics, para obter um financiamento de R$ 3,8 bilhões em cinco anos, importante para a modernização da empresa.
Governo federal e representantes da empresa têm buscado formas de equilibrar as finanças da estatal para evitar a dependência do Tesouro Nacional, o que implicaria restrições orçamentárias e limitações nos investimentos e remunerações.
Atualmente independente, os Correios precisam de ações para evitar um cenário de crise mais grave. A experiência da Telebras, que enfrentou dificuldades após se tornar dependente do orçamento público, serve como alerta para a situação da estatal.