Idiana Tomazelli
Brasília, DF (Folhapress)
Os Correios estão avaliando a possibilidade de passar parte de seus imóveis para outra empresa pública federal, a Emgea (Empresa Gestora de Ativos), com o objetivo de acelerar a venda desses imóveis e receber dinheiro rapidamente para melhorar seu caixa.
Essa ação faz parte do plano de reorganização da empresa, que visa permitir a contratação de empréstimos de até R$ 20 bilhões para fortalecer financeiramente os Correios em 2024 e 2026.
Desde o final de outubro, executivos das duas companhias têm se reunido para discutir os detalhes dessa transferência, que ainda estão em negociação.
A Emgea, criada para administrar créditos habitacionais com alta inadimplência da Caixa Econômica Federal, possui em seu principal ativo os créditos do FCVS (Fundo de Compensação de Variações Salariais), valor que é pago pelo Tesouro Nacional anualmente.
Em 2023, a Emgea recebeu R$ 1,6 bilhão do FCVS no primeiro semestre, que ajudaram a melhorar seu caixa, possibilitando que hoje disponha de cerca de R$ 2,6 bilhões para investir.
O plano é que os Correios entreguem um conjunto de imóveis à Emgea, que fará um pagamento antecipado correspondente a uma parte do valor estimado desses bens, podendo variar entre 20% e 30% do total.
A Emgea terá um prazo para vender os imóveis diretamente ou por meio de fundos imobiliários, por um valor definido previamente, e poderá receber uma comissão baseada nos ganhos obtidos na venda dos imóveis, incentivando a rápida conclusão do negócio.
Os Correios ainda podem receber recursos adicionais conforme os valores alcançados nas vendas dos imóveis.
O objetivo é usar esse modelo para os imóveis atualmente em uso pela estatal, estimados em valor entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões. A quantia adiantada será baseada nesse valor.
Não há uma previsão exata de quanto os Correios poderão arrecadar a curto prazo, pois ainda será feita a seleção e classificação dos imóveis segundo sua atratividade para venda.
Em nota, os Correios confirmaram que o plano contempla a venda de ativos sem uso adequado e que estão avaliando o mercado para definir o valor dos imóveis e estudar formas de vendê-los, como fundos imobiliários ou outras soluções.
A Emgea não se pronunciou até o momento.
Participantes das discussões acreditam que esse modelo facilitará a venda dos imóveis, que hoje estão presos a processos licitatórios demorados, e esperam concluir a operação até o início de 2026.
A estatal também avalia criar, com auxílio da Caixa Econômica Federal, um fundo imobiliário para gerar receitas adicionais, embora essa ideia ainda esteja em estágio inicial.
Existem propostas para vender imóveis ociosos a investidores do fundo, que passariam a receber a renda de aluguéis, ou para colocar imóveis em uso dos Correios nesse fundo, permitindo que a empresa continue usando os espaços pagando aluguel, o chamado “leasing back”.
Essa segunda opção garante receitas imediatas, mas traz custos administrativos não existentes atualmente, ao mesmo tempo que transfere para os investidores a responsabilidade pela manutenção dos imóveis.
Os Correios pretendem finalizar o plano de reestruturação nas próximas duas semanas, mesmo prazo das negociações com bancos para o empréstimo de R$ 20 bilhões destinado a captar mais instituições financeiras e reduzir os custos da operação.
Na primeira rodada de negociações, um grupo de quatro bancos (Banco do Brasil, BTG Pactual, Citibank e ABC Brasil) concordou em oferecer o crédito, porém com uma taxa de juros considerada alta mesmo com garantia soberana, que reduz riscos para os credores.
Outros bancos já demonstraram interesse em emprestar para os Correios. Por isso, a empresa decidiu abrir uma nova rodada de negociações, o que pode atrasar a assinatura do contrato e a entrada dos recursos.
