A direção dos Correios comunicou em audiência de conciliação no Tribunal Superior do Trabalho (TST) que, devido à atual situação financeira da empresa, atualmente não existem recursos suficientes garantidos para o pagamento do 13º salário aos funcionários.
Essa declaração, feita por representantes da estatal durante encontro com federações e sindicatos, gerou preocupação entre os trabalhadores e as entidades sindicais, que consideraram a proposta apresentada insuficiente e mantiveram a indicação de paralisação.
De acordo com a Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (FINDECT), a proposta oficial dos Correios inclui a manutenção do Acordo Coletivo até fevereiro de 2026 sem o pagamento do chamado “ticket extra”, sem reposição da inflação e sem previsão de reajuste salarial. Este pacote foi considerado “frustrante” e incompatível com as perdas acumuladas pela categoria nos últimos anos.
Por isso, a federação mantém o indicativo de greve para o dia 16 de dezembro.
A empresa estatal está avaliando soluções em duas frentes: um possível aporte direto do Tesouro Nacional e a contratação de um empréstimo junto a um consórcio bancário.
O governo vem trabalhando para viabilizar um crédito emergencial ou uma linha de financiamento, porém, as condições exigidas, que incluem garantias e um plano detalhado de reestruturação, ainda não foram integralmente cumpridas.
Contexto da situação dos Correios
A crise atual é resultado de desequilíbrios acumulados. Nos últimos anos, os Correios enfrentaram queda nas receitas em segmentos tradicionais, aumento dos custos operacionais e perdas logísticas.
O crescimento do comércio eletrônico ajudou a aumentar a demanda parcialmente, contudo, não foi suficiente para compensar problemas estruturais, investimentos não realizados e o aumento da concorrência privada.
Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, as novas empresas de logística conquistaram o segmento mais lucrativo, deixando a estatal com apenas as partes menos rentáveis dos serviços de entrega no país.
Em nota, a empresa declarou que está em andamento o processo de negociação do Plano de Reestruturação da companhia, bem como do Acordo Coletivo de Trabalho. “Neste momento, não há suspensão de qualquer obrigação trabalhista. Os Correios continuam tratando o tema com responsabilidade institucional”, afirmou o comunicado.
A FINDECT reafirmou seu compromisso firme com a proteção dos direitos dos trabalhadores celetistas, a valorização da categoria profissional e a defesa das conquistas históricas dos empregados.

