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quinta-feira, 13/11/2025




Correios dividem empréstimo para atrair mais bancos e baixar juros

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IDIANA TOMAZELLI
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

Os Correios decidiram dividir o empréstimo de R$ 20 bilhões em várias partes para conseguir que mais bancos participem e assim diminuir os juros cobrados.

Na primeira tentativa, um grupo de quatro bancos (Banco do Brasil, BTG Pactual, Citibank e ABC Brasil) concordou em emprestar o valor pedido, mas com uma taxa de juros alta, considerando que o crédito tem garantia da União, o que diminui o risco para os bancos, pois a União paga se houver falta de pagamento.

Os bancos consultados não comentaram a situação, e costumam não falar sobre casos específicos.

É importante fechar logo esse empréstimo para garantir dinheiro ao Correios, que enfrenta problemas financeiros. A empresa tem apresentado prejuízos crescentes desde 2022. Este ano, estima-se que o rombo chegue a R$ 10 bilhões até o final de 2025, sendo que o primeiro semestre já registrou R$ 4,4 bilhões negativos.

Projeções feitas pela empresa e apresentadas ao governo mostram que sem novos recursos a situação pode piorar, chegando a um prejuízo de R$ 20 bilhões em 2026, devido a multas por atraso em contratos com fornecedores.

O prejuízo pode ser ainda maior, podendo alcançar cerca de R$ 70 bilhões em cinco anos. Nesse caso, a empresa poderia falir e ter que demitir funcionários, o que geraria custos trabalhistas elevados.

Duas fontes próximas ao assunto disseram que a proposta inicial dos bancos tinha juros a 136% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário).

Porém, o limite máximo aprovado pelo Tesouro Nacional para esse tipo de operação é de 120% do CDI a prazo de dez anos.

A diferença nos juros geraria uma despesa extra de centenas de milhões para os Correios e poderia originar questionamentos legais e de órgãos de controle.

Além disso, os bancos pediram uma comissão de 5% para organizar o empréstimo, o que equivale a R$ 1 bilhão. Normalmente, para empréstimos garantidos pela União a estados e municípios, a comissão é de 1%.

Desde que a estratégia de socorrer a empresa com garantia da União foi anunciada, outros bancos nacionais e estrangeiros demonstraram interesse em financiar os Correios. Por isso, a empresa optou por iniciar uma nova rodada de negociações mais ampla.

Os bancos já foram informados das novas condições. O valor de R$ 20 bilhões permanece, mas agora a empresa vai perguntar quanto cada banco está disposto a emprestar com juros de no máximo 120% do CDI.

Assim, o financiamento pode ser dividido em várias operações com diferentes bancos. Se o total não alcançar os R$ 20 bilhões, a empresa poderá fazer um primeiro empréstimo menor e buscar mais dinheiro depois.

Essa decisão de usar a União como fiadora do empréstimo, em vez de aporte direto, tem sido criticada por órgãos fiscalizadores e parlamentares da oposição. Se os juros continuarem altos, poderá gerar mais controvérsias políticas e jurídicas.

A opção por uma nova rodada de negociações, mesmo causando atraso no empréstimo e pressionando o caixa dos Correios, é vista como mais segura. Enquanto isso, pagamentos a fornecedores devem continuar atrasados, mas não há previsão de atraso nos salários dos funcionários. Espera-se que o financiamento seja fechado até o fim de 2025.

Inicialmente, a Caixa Econômica Federal também participou das conversas para entrar no grupo de bancos financiadores, mas, segundo fontes, não enviou proposta.

A Caixa demonstrou resistência, atribuída ao fato de não ter conseguido influenciar a escolha do novo presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, funcionário do Banco do Brasil, escolhido com apoio do ministro Rui Costa (Casa Civil), após a saída em setembro do ex-presidente Fabiano Silva dos Santos.

A Caixa continuou alegando dificuldades técnicas para participar do empréstimo, mesmo após a troca na direção da empresa.

O plano de reestruturação dos Correios é fundamental para convencer os bancos da capacidade de a empresa se recuperar e pagar os empréstimos. Embora o problema seja financeiro, ele tem origem em questões estruturais de gestão, aumentos contínuos de custos e estratégia de negócios insuficiente.




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