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quinta-feira, 11/12/2025

Correios buscam novos bancos e empréstimo pode ser de R$ 12 bilhões

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IDIANIA TOMAZELLI
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

Os Correios estão realizando uma nova consulta a bancos para atrair outras instituições financeiras interessadas em participar do empréstimo destinado à estatal. O valor final do crédito pode ficar em torno de R$ 12 bilhões, conforme informações de três pessoas envolvidas nas negociações.

Esse valor é menor do que os R$ 20 bilhões inicialmente solicitados pela empresa para financiar seu plano de reestruturação para 2025 e 2026, mas dividir o empréstimo tem sido uma opção considerada para reduzir os custos.

A nova consulta foi necessária porque o prazo para resposta da solicitação anterior expirou.

Além da participação da Caixa Econômica Federal, a pedido do governo, outros bancos privados também demonstraram interesse, enquanto algumas instituições que participaram da proposta inicial podem deixar as negociações.

A configuração final dos credores ainda não está definida e as respostas devem ser dadas até a próxima sexta-feira (12).

Oficialmente, o pedido dos Correios permanece sendo de até R$ 20 bilhões, com condições adequadas para obter a garantia do Tesouro Nacional, o que limita o custo máximo a 120% do CDI, cerca de 18% ao ano. Com a garantia da União, o risco para os bancos é praticamente nulo, pois a União assume o pagamento em caso de inadimplência.

Representantes do governo informam que o objetivo é fechar um contrato em torno de R$ 12 bilhões, valor suficiente para atender as necessidades de curto prazo da estatal e iniciar as ações planejadas para 2026.

Por parte dos bancos, há ainda a possibilidade de que o valor fique menor, próximo a R$ 10 bilhões, dependendo da disposição das instituições em emprestar a uma taxa dentro do esperado pelo governo e pela empresa.

Os bancos também querem avaliar o plano de reestruturação dos Correios, pedindo detalhes sobre a previsão de receitas futuras, já que há previsão de fechamento de agências.

Este plano precisa ser viável para garantir que as instituições financeiras confiem na capacidade de pagamento da empresa, além da garantia da União.

Uma proposta inicial que cobria todo o valor de R$ 20 bilhões foi apresentada por Banco do Brasil, Citibank, BTG Pactual, ABC Brasil e Safra. Porém, o Tesouro Nacional vetou a contratação e rejeitou a garantia soberana por considerar a taxa de juros elevada demais.

Naquele momento, o custo do empréstimo seria próximo a 136% do CDI, cerca de 20% ao ano, acima do limite máximo permitido de 120% do CDI para operações com prazo de dez anos.

O crédito foi aprovado pelo conselho de administração dos Correios em 29 de novembro, mas em 2 de dezembro o presidente da estatal, Emmanoel Rondon, foi informado pelo Ministério da Fazenda que o governo não concederia a garantia nas condições apresentadas.

Essa situação gerou um impasse, considerando o pouco tempo para ajudar a empresa, que teve prejuízo de R$ 6,1 bilhões nos primeiros nove meses do ano.

Os Correios precisam pagar o 13º salário dos funcionários até 20 de dezembro, prazo que o Executivo estipulou para destravar a operação de crédito, devido à impossibilidade técnica de usar recursos próprios do governo ainda em 2025.

Para avançar, o governo acionou a Caixa, que participou das conversas iniciais, mas não havia feito uma proposta formal antes. A ausência da Caixa e a decisão do Banco do Brasil em aceitar uma taxa de juros alta na primeira proposta geraram desconforto e discussões entre o governo e as instituições financeiras.

O empréstimo voltou a ser a principal solução após o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) descartar a injeção direta de recursos próprios em 2025, devido a dificuldades técnicas e falta de tempo para superar os obstáculos até o final do ano. Essa decisão foi comunicada à empresa na tarde de terça-feira (9).

Na manhã de quarta-feira (10), o ministro Fernando Haddad afirmou que o repasse pode ser necessário, mas não está previsto para o momento.

“Temos dois caminhos: ou o aporte, se não houver acordo com os bancos, ou a situação se complica para a empresa”, disse o ministro, ressaltando a importância de um plano de reestruturação sólido para garantir o aval do Tesouro.

Apesar dessas declarações, técnicos explicaram que um aporte demandaria um novo relatório de avaliação do Orçamento, o que levaria cerca de dez dias para ser concluído, praticamente encerrando o ano legislativo e dificultando a aprovação do crédito.

O ministro afastou a possibilidade de créditos extraordinários, que liberariam recursos imediatos para despesas urgentes, opção que também foi descartada.

Assim, as opções de curto prazo são concluir o empréstimo com os bancos ou enfrentar as consequências financeiras da falta desses recursos.

Dentro da empresa, há preocupação com o atraso no pagamento do 13º salário, enquanto o governo mantém confiança de que os recursos serão liberados a tempo. A Casa Civil está envolvida nas tratativas para viabilizar a operação.

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