O pianista brasileiro Francisco Tenório Cerqueira Júnior teve seu corpo identificado pela Equipe Argentina de Antropologia Forense (EAAF), conforme divulgado no sábado, dia 13 de setembro. Ele desapareceu em 18 de março de 1976, após sair do Hotel Normandie, situado no centro de Buenos Aires.
Segundo a EAAF, a identificação ocorreu por meio das impressões digitais, embora o corpo não tenha sido recuperado. Sabe-se que ele foi sepultado no cemitério de Benavídez, na capital argentina.
Tenório Júnior, então com 35 anos, estava em Buenos Aires para acompanhar a turnê da banda de Vinícius de Moraes e Toquinho. Seu desaparecimento ocorreu poucos dias antes do golpe militar que depôs a presidente Isabelita Perón.
De acordo com informações do governo argentino, dois dias após o desaparecimento, o corpo de um homem foi encontrado em um terreno baldio na Rua Belgrano, bairro Tigre. Começou-se, então, um processo de identificação com coleta das impressões digitais e realização de autópsia. Apesar disso, o corpo foi enterrado como não identificado no cemitério de Benavídez.
Anos depois, a Procuradoria de Crimes Contra a Humanidade iniciou uma investigação sobre processos judiciais referentes a cadáveres encontrados em vias públicas na província de Buenos Aires, no período de 1975 a 1983, com o intuito de registrar as vítimas do governo argentino da época.
A Câmara Federal de Recurso Criminal e Correcional da Capital Federal ordenou a comparação das impressões digitais do arquivo de 1976 com as de Tenório Júnior, registradas no Brasil, confirmando assim a identidade do pianista.
A família de Tenório Júnior foi informada pela Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) e pelo procurador Ivan Marx, membro da comissão. Em 2013, a Comissão Nacional da Verdade, no Brasil, iniciou buscas para localizar o corpo do músico, a pedido da família.
Tenório Júnior deixou a esposa Carmen Cerqueira, grávida de oito meses na época, além de quatro filhos.