Deputados na 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém (PA), ressaltaram a necessidade do cumprimento das metas de financiamento internacional para ações contra a crise climática. Durante os debates, destacaram que enfrentar a emergência climática envolve justiça social, proteção aos povos tradicionais e o combate ao racismo ambiental.
A delegação da Câmara dos Deputados defendeu que os países desenvolvidos, historicamente responsáveis pelas maiores emissões de gases de efeito estufa, devem fornecer recursos financeiros e transferir tecnologia aos países em desenvolvimento, como o Brasil.
Justiça Climática e Reparação
Talíria Petrone (Psol-RJ) enfatizou que a crise climática atinge de maneira desigual os grupos mais vulneráveis. “A crise climática está profundamente ligada à crise social. Os mais prejudicados são os povos indígenas, a população negra e as pessoas que residem nas periferias. Requeremos reparação climática”, declarou.
Dandara (PT-MG) relacionou o tema à questão racial. “Discutir o clima significa também debater o racismo ambiental. Mulheres negras são as mais afetadas e devem ocupar o centro das soluções, com acesso a recursos financeiros e tecnologia”, destacou.
Amazônia e Bioeconomia
A sede da COP30 na Amazônia foi lembrada como uma oportunidade para promover a bioeconomia e proteger os povos da floresta. Benedita da Silva (PT-RJ) ressaltou a relevância de Belém como local do evento. “A COP em Belém coloca a Amazônia no foco mundial. É fundamental garantir que os povos da floresta, especialmente as mulheres negras e indígenas, sejam protagonistas e beneficiários das decisões”, afirmou.
Alice Portugal (PCdoB-BA) defendeu a cooperação internacional aliada ao respeito à soberania nacional. “O Brasil necessita de parcerias para investimento em ciência, tecnologia e inovação. Nosso objetivo é desenvolver uma bioeconomia sustentável, não ser apenas fornecedor de matérias-primas”, declarou.
Financiamento e Transição Energética
Jandira Feghali (PCdoB-RJ) chamou a atenção para a escassez de recursos que afeta setores como saúde e infraestrutura. “A emergência climática já é uma emergência de saúde pública e impacta diretamente a vida das pessoas. É imprescindível obter financiamento global para adaptar nossos sistemas e implementar tecnologia limpa rapidamente”, disse.
Lídice da Mata (PSB-BA) ressaltou que a transição para energias renováveis deve ser inclusiva socialmente. “A transição energética é essencial, mas deve ser justa, tornando os benefícios das energias solar e eólica acessíveis às comunidades locais, gerando emprego e renda”, acrescentou.
Carol Dartora (PT-PR) destacou que o Brasil possui capacidade para criar soluções e políticas públicas para adaptação climática, como jardins de chuva e habitações adaptadas a cada região e clima. Contudo, ela apontou que essas iniciativas dependem de financiamento internacional efetivo e abrangente, que alcance todas as regiões e populações, não apenas grandes empreendimentos.
Modelos de Agricultura
Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) defendeu a importância da produção agrícola sustentável. “O agronegócio brasileiro produzido com sustentabilidade é parte da solução. Temos tecnologia reconhecida para uma agricultura de baixo carbono. É fundamental distinguir o produtor responsável do desmatador ilegal”, explicou.
Bohn Gass (PT-RS) ressaltou a importância da agricultura familiar.
Tarcísio Motta (Psol-RJ) criticou soluções que dependem exclusivamente do mercado, sugerindo a necessidade de abordagens mais amplas e inclusivas para enfrentar os desafios climáticos.
