O texto final da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém (PA), aumentou o financiamento para países em desenvolvimento que lidam com os efeitos do aquecimento global, mas não abordou a questão do fim do uso de combustíveis fósseis.
O documento do “Mutirão Global”, com oito páginas, não menciona os combustíveis fósseis, como petróleo e carvão mineral.
No entanto, foi decidido que esse tema poderia ser incluído em um texto paralelo pelo Brasil, que sediou a COP30, encerrada na tarde de sábado (22/11).
Essa ausência já era previsível após o Brasil apresentar um rascunho que não incluía a redução do uso dos combustíveis — principal responsável pela elevação da temperatura global.
Ao encerrar a COP30, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, declarou que o governo brasileiro esperava resultados mais expressivos do que os aprovados.
“Se pudéssemos voltar no tempo e dialogar com versões passadas de nós mesmos da Rio-92 [conferência realizada no Brasil em 1992], certamente ouviríamos que sonhávamos com conquistas muito maiores”, afirmou Marina Silva.
Antes da sessão final, quando o teor do rascunho já era conhecido, a União Europeia manifestou insatisfação com a proposta.
“Esta proposta está muito aquém do que é necessário para uma mitigação eficaz das mudanças climáticas. Estamos desapontados com o texto em discussão”, afirmou o Comissário Europeu para o Clima, Wopke Hoestra, em nota oficial.
O Observatório do Clima, uma organização não governamental que reúne várias entidades ambientais, também criticou o documento, afirmando que o texto apresentado é inaceitável como resultado da conferência.
“O chamado ‘Pacote de Belém’, conjunto de decisões da COP30 divulgado na madrugada de sexta-feira (21), é desequilibrado e insuficiente. Os rascunhos apresentados são frágeis em seus avanços e omitem uma questão fundamental: não atendem à determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com apoio de 82 países, de estabelecer um plano para a transição distante dos combustíveis fósseis. A expressão ‘combustíveis fósseis’ sequer consta em qualquer dos 13 documentos publicados”, criticou a ONG.
