O renomado climatologista Carlos Nobre evidenciou durante o evento Ponto de Mudança, promovido pelo Metrópoles em 26 de junho, a urgência de abordar a Amazônia com soluções sustentáveis diante do avanço do desmatamento e dos complexos desafios sociais, ambientais e climáticos da região.
A Amazônia abrange mais de 6,5 milhões de quilômetros quadrados, constituindo o maior bioma biodiverso do planeta. Aproximadamente 28 milhões de pessoas residem na Amazônia brasileira, elevando-se a 47 milhões na região pan-amazônica, incluindo 2,2 milhões de indígenas.
“Por isso, é essencial buscarmos soluções sustentáveis”, afirmou Carlos Nobre.
Ele destacou que os principais causadores da degradação ambiental são a expansão da agropecuária, especialmente a pecuária bovina, seguida pela produção de soja e, em menor proporção, o cultivo de óleo de palma. Estes fatores impulsionam o contínuo avanço do desmatamento.
Historicamente, a devastação concentra-se no “arco do desmatamento”, situado majoritariamente no sul e leste da Amazônia brasileira, que desde a década de 1970 já perdeu cerca de 860 mil quilômetros quadrados de floresta. Surge agora um alerta para um segundo arco de desmatamento que alcança novas áreas sensíveis.
Um dado alarmante assinalado por Carlos Nobre é que 90% do desmatamento na Amazônia é ilegal, indicando a necessidade de políticas públicas robustas com fiscalização rigorosa e responsabilização efetiva.
Em resposta, Carlos Nobre destacou o projeto Arco da Restauração, lançado pelo BNDES na COP28 em Dubai. Inspirado por estudos do Painel Científico para a Amazônia, do qual é membro, o programa foi aprovado pelo conselho do banco como uma estratégia ambiental central.
O projeto visa restaurar 24 milhões de hectares na região sul da Amazônia até 2050 — equivalente a 240 mil quilômetros quadrados — começando com 6 milhões de hectares até 2030.
Carlos Nobre ressaltou que, apesar dos elevados custos, a restauração é viável, já em curso, e representa um avanço concreto rumo a um modelo climático renovado para a Amazônia. “É possível, necessário e urgente”, concluiu.
Cop30 e a Importância para a Amazônia
A próxima COP30, marcada para 2025 em Belém (PA), será a primeira conferência climática da ONU realizada na Amazônia. Este evento oferece uma ocasião singular para o Brasil apresentar ao mundo soluções alinhadas à realidade dos povos da floresta, afirmando seu protagonismo na agenda ambiental global.