António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, cobra promessa de doação de 100 bilhões dólares a países pobres e em desenvolvimento para redução de emissões de poluentes
Prometido em 2015, durante a COP 21, em Paris, o financiamento anual de 100 bilhões de dólares a países em desenvolvimento, a título de facilitar a transição ambiental e reduzir as emissões de poluentes, nunca saiu do papel. Na ocasião, o grupo das nações ricas, da qual fazem parte os Estados Unidos, França, Espanha e Suécia, se comprometeu a doar a quantia anual até 2020, com o objetivo é colaborar para a mitigação de impactos das mudanças climáticas e de investimentos em energias renováveis.
Nesta segunda, dia 1º, em Glasgow, António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, reforçou a importância de que a promessa seja cumprida. “A implementação do financiamento de 100 bilhões de dólares por ano a países pobres e em desenvolvimento é crucial”, afirmou durante discurso proferido na cerimônia de abertura da COP 26. Em relação aos rumores de que essa ajuda poderá chegar só em 2023, Guterres disse que o atraso iria prejudicar o suporte aos países na transição ambiental por anos.
Em um tom menos otimista do que o de outros líderes presentes à COP 26, Guterres chamou a atenção para a falta de ações para brecar o avanço das mudanças climáticas. “Deveríamos estar salvando o futuro da humanidade e não continuar fazendo uso de combustíveis fósseis como estamos fazendo”.
Responsável por 30% da emissão de gases do efeito estufa no mundo, a China recentemente aumentou a utilização de carvão na geração de energia. Com a retomada econômica mundial, os preços do gás natural dispararam e o funcionamento de muitas hidrelétricas foi suspenso, o que afetou também a China. Maior produtor mundial de carvão, o país autorizou a abertura de mais de 150 minas em setembro para elevar a capacidade de produção em 220 milhões de toneladas por ano e escapar dos altos preços globais do gás natural.
Os Estados Unidos são considerados o segundo maior emissor de CO2 do mundo (5,7 bilhões de toneladas de metros cúbicos por ano, 11% do total mundial), seguidos pela Índia (6,6%) e União Europeia (6,4%). O Brasil emite 1,5 bilhão de toneladas por ano, atrás de países como a Arábia Saudita, um dos maiores produtores de petróleo do mundo, e a Rússia.
As emissões devem ser reduzidas em algo ao redor de 45% até 2030, em comparação a 2010, para que a temperatura global não aumente mais do que 1,5 graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais, de acordo com a comunidade científica.