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quinta-feira, 06/11/2025




controle fiscal freia queda do dólar em alta das moedas emergentes

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Em São Paulo, no dia 8 de outubro, o dólar comercial encerrou o dia em leve queda de 0,11%, cotado a R$ 5,3442, após oscilar próximo da estabilidade durante a tarde. Apesar da valorização de outras moedas emergentes, como o peso mexicano e o chileno, o real sofreu para acompanhar esse movimento devido à cautela dos investidores em relação à situação política e fiscal do Brasil.

O foco dos investidores está na votação da Medida Provisória (MP) que propõe uma alternativa ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras, que pode perder a validade caso não seja aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado até o final do dia. A MP foi aprovada em comissão especial na terça-feira, prevendo uma arrecadação de R$ 17 bilhões, valor inferior ao previsto inicialmente em R$ 3 bilhões. Caso a MP não seja aprovada, o governo poderá ter que cortar gastos para cumprir a meta fiscal de 2026, o que seria uma derrota para o governo do presidente Lula.

Felipe Garcia, chefe da mesa de operações do C6 Bank, afirma que a preocupação com a MP e o discurso mais focado em eleições do governo afectam a apreciação do real. Segundo ele, o mercado está apreensivo com medidas que possam ser consideradas populistas, como a possível gratuidade das tarifas de ônibus, tema que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, negou que esteja em avaliação para este ano ou próximo, apesar de existir um pedido do presidente Lula para estudos sobre o assunto.

Paralelamente, uma pesquisa da Genial/Quaest indicou que a popularidade do governo Lula está na melhor fase desde janeiro, com 48% de aprovação e 49% de desaprovação, enquanto cresce a rejeição à anistia dos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro.

O mercado espera que uma política fiscal mais rígida, caso um candidato da oposição vença as eleições de 2026, possa reduzir o risco associado aos ativos domésticos e contribuir para a valorização do real.

Externamente, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas importantes, subiu pelo terceiro dia consecutivo, atingindo temporariamente 99.000 pontos, acumulando alta de 1,10% na semana. O euro sofreu com a crise política na França após a renúncia do primeiro-ministro Sébastien Lecornu, e o iene caiu devido à possível flexibilização fiscal com a liderança do Partido Liberal Democrata pela provável primeira-ministra Sanae Takaichi.

Analistas destacam que a desvalorização do iene torna as moedas emergentes, especialmente latino-americanas, mais atrativas, combinada ainda com alta de mais de 1% no preço do petróleo.

Segundo Felipe Garcia, o real deve seguir estável até o fim do ano, considerando o cenário fiscal e possíveis cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, que influenciam o enfraquecimento do dólar.

A ata do Fed divulgada no mesmo dia confirma que o corte nos juros em setembro foi o primeiro de 2025, com expectativa de mais reduções no fim do ano.

Mercado de Ações

O Ibovespa teve variação modesta, avançando 0,56% para 142.145,38 pontos, após oscilar entre 141.356,43 e 142.385,02, recuperando-se de recente queda. Na semana, o índice recua 1,43% e acumula perda de 2,80% no mês, embora registre alta de 18,18% no ano.

Petrobras teve desempenho negativo, com ações ordinárias e preferenciais em baixa, enquanto algumas instituições financeiras apresentaram resultados mistos. Destaques positivos foram Ultrapar (+5,54%), B3 (+3,43%) e BTG Pactual (+3,04%). Entre as maiores quedas, destacaram-se Hypera (-5,02%), Brava (-3,10%) e Suzano (-2,17%).

Felipe Moura, gestor e sócio da Finacap Investimentos, observa que o mercado está em correção e cauteloso, principalmente aguardando resultados e definição da MP do IOF. Já Ian Lopes, economista da Valor Investimentos, ressalta o risco quanto à votação da MP.

Nos Estados Unidos, os índices S&P 500 e Nasdaq renovaram máximas históricas, enquanto a Capital Economics avalia que a ata do Fed mostra apoio à flexibilização monetária, embora persistam dúvidas sobre a inflação.

Na política brasileira, o presidente Lula buscou apoio para aprovar a MP 1303, mas a oposição anunciou que votará contra, complicando a aprovação que expira ainda no mesmo dia.

Pressões nos bastidores da votação foram relatadas, incluindo contatos de Lula e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, com parlamentares.

A equipe econômica defende a MP como fundamental para manter as contas públicas equilibradas em ano eleitoral, enquanto a oposição acusa o governo de usar a arrecadação para financiar programas sociais visando melhorar a imagem do presidente.

Anderson Silva, da GT Capital, destaca que o foco no tema fiscal varia conforme outros assuntos aparecem, mas permanece central para o mercado.

Juros

Os juros futuros na B3 caíram durante o dia, atingindo mínimas intradiárias, motivados pela percepção de que a MP 1.303 dificilmente será aprovada, o que pode levar o governo a cortes de gastos e enfraquecer sua base política.

Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para 2027 a 2031 refletem essa queda, atingindo suas menores taxas intradiárias.

Tiago Hansen, da Alphawave Capital, comenta que a queda dos DIs é coerente com a possível derrota do governo na votação da MP, que representaria perda de arrecadação estimada em R$ 17 bilhões.

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, aponta que a MP é complexa e pode gerar distorções no mercado, destacando a alteração das alíquotas para investimentos, que passariam a ter taxa fixa de 18%, removendo incentivos anteriores.

Ele avalia que a proposta enfrenta dificuldades para aprovação devido ao curto prazo.

Rafael Sueishi, da Manchester Investimentos, destaca que o risco fiscal elevado mantém a pressão sobre os juros, mesmo sem aprovação da MP, e que a agenda popular do governo, como a possível gratuidade de ônibus e aposentadoria para agentes de saúde (PEC 14) ainda pendente no Senado, mantém o foco no fiscal.

Fonte: Estadão Conteúdo.




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