Valor da dúzia aumentou em cerca de 12,19% nos últimos 12 meses, segundo dados do Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE)
O preço do ovo no Distrito Federal aumentou em cerca de 12,19% em um ano, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O crescimento foi calculado até o último mês de fevereiro, mas o valor do produto tem subido cada vez mais nos supermercados de Brasília. A progressão do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) do ovo foi maior até que o da inflação total no DF, fechada em 9,55% no mesmo período.
Atualmente, em mercados do DF, o preço da dúzia de ovos brancos varia de R$ 7,29 a R$ 8,79, e a bandeja com 30 tem variação de R$ 17,90 a R$ 18,98. No caso do caipira, comumente mais caro, o valor de 10 unidades pode chegar a R$ 17,98, e de 30, a R$ 25,90.
O aumento no valor do produto pode ter relação tanto com o crescimento na procura pelos ovos, ricos em proteína e, portanto, alternativa às carnes vermelhas e frango em muitas famílias, quanto pela elevação nos custos de produção e distribuição das mercadorias, como os recentes aumentos no preço do milho em decorrência da guerra entre Ucrânia e Rússia, país do qual o Brasil importa boa parte do commodity, e do combustível para o envio dos produtos aos mercados.
Na direção contrária à dos mercados, porém, o produtor de ovos de galinha José Müller não aumenta o preço da dúzia caipira ao vender as mercadorias para os clientes. Ele é um dos produtores do Núcleo Rural Altiplano Leste, onde mantém cerca de 500 galináceos, com produção de mais de 22 mil ovos por mês, uma vez que cada galinha bota três ovos a cada dois dias.
Segundo ele, que vende a dúzia de ovos caipiras por R$ 12,00, o aumento do preço em produtos como o milho e a soja, usados na ração das galinhas, não o afetou tanto. “[Em primeiro lugar] porque trabalho de uma forma um pouco diferente do convencional. Eu produzo minha própria ração e costumo manter os mesmos produtos sempre. Como a soja aumentou muito o preço, estou começando a usar rama de mandioca e resíduos da cana de açúcar”, explicou.
Para ele, a criatividade para driblar os custos da produção é a principal estratégia para conseguir manter o preço com os clientes, há dois anos no mesmo valor. “Não acho certo fazer isso [aumentar o preço]. Acho que temos que usar de outros recursos para manter a mesma produção, mas barateando os custos”, opinou – e assim ele tem conseguido fazer e manter o negócio.
“A chácara [Andaluz] se sustenta com a venda dos ovos e estou sempre tentando aprimorar minha produção. O pessoal gosta do preço e alguns clientes até me incentivam a subir. Mas não vejo necessidade”, complementou.
Produção aumentou em 2021
De acordo com o Sistema IBGE de Recuperação Automática (Sidra), que possui base de dados de produções e inflação no DF e estados brasileiros, a quantidade de ovos produzidos para consumo a cada mil dúzias alcançou o maior patamar no 4º e último trimestre de 2021 nos últimos dois anos, fechando em mais de 1,2 milhão de dúzias no DF.
Os índices começaram a decair na segunda metade do ano de 2020, quando a quantidade de dúzias produzidas foi de 970 mil, chegando a 741 mil entre outubro e dezembro daquele ano – o menor índice em dois anos. Nos trimestres seguintes, a produção total de cada um foi de 778 mil, 869 mil e 866 mil, alcançando no último trimestre o maior valor em dois anos.
É a menor produção do país, no entanto. Boa parte dos ovos da capital, portanto, vêm de Goiás, onde a produção, ao contrário do DF, foi a menor desde 2020. Com uma média de 24.532 mil dúzias nos últimos dois anos, entre outubro e dezembro de 2021, a produção caiu para 19,4 milhões de dúzias.