De 2017 pra cá, cresceu o interesse dos brasileiros pelo setor que engloba alimentos produzidos sem agrotóxicos. E eles chegam com força aos supermercados
Após ouvir 1 027 pessoas em 12 grandes cidades brasileiras, o Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), em parceria com a Brain — Bureau de Inteligência Corporativa, descobriu que 19% dos entrevistados consomem algum produto orgânico. Há dois anos, esse percentual era de 15%.
O diretor da Organis, Cobi Cruz, acha o dado positivo, mas confessa que esperava um crescimento um pouco maior. “O mercado vem se expandindo de maneira vibrante”, justifica.
Mesmo assim, o preço mais elevado assusta boa parcela dos consumidores. “O interessante é que metade entende o motivo disso”, analisa Cruz. A outra parcela crê em conceitos errados, como de que orgânicos deveriam ser até mais baratos, já que não dependem de agrotóxicos.
“Só que a produção envolve muita mão de obra, normalmente em pequena escala, e os insumos são mais caros”, explica o diretor da Organis. Para ele, a conscientização é o caminho para atingir esse público.
Os principais achados da pesquisa encomendada pela Organis
- 1 em cada 5 brasileiros já consome algum alimento orgânico no país.
- A ingestão de orgânicos — entre quem tem esse hábito — acontece, em média, três vezes por semana.
- Frutas, verduras e legumes são os itens mais vendidos do setor, que ainda tem cosméticos, roupas etc.
- 75% dos entrevistados citaram o valor mais elevado como fator que pesa na decisão de compra.
A oferta vai além da feira
Embora as feiras livres e os hortifrútis sejam os locais priorizados na hora de comprar frutas, legumes e verduras orgânicos, os grandes supermercados estão abrindo um espaço cada vez maior para esses vegetais.
O Carrefour, por exemplo, lançou recentemente o movimento Act for Food, que tem entre seus objetivos colocar o grupo varejista na liderança de venda dos orgânicos no país. Só em 2018 a companhia notou uma alta de 82% nas vendas de produtos do setor.
“Um dos grandes desafios é fazer a produção ganhar escala”, descreve Lúcio Vicente, chefe de sustentabilidade do Carrefour Brasil. “Hoje, a distribuição é limitada”, completa.
Para mudar o cenário, ele frisa que não adianta só comprar e revender os alimentos: é preciso dar visibilidade aos pequenos agricultores e apoiar toda a cadeia produtiva. Para facilitar esse processo, o Carrefour até assinou uma parceria com a Fundação Getulio Vargas.
Com iniciativas assim, o esperado é ver a oferta crescer, as pessoas buscarem mais os orgânicos e, por tabela, o preço cair.
Universo de opções
Os vegetais são os primeiros alimentos lembrados quando falamos de orgânicos. Mas o segmento é bem mais amplo
Catchup: várias marcas fabricam o produto, feito, é claro, com tomates cultivados sem pesticidas.
Café: o grão é produzido sem a utilização de fertilizantes químicos nem de agrotóxicos.
Geleias: há uma infinidade de potes que levam frutas orgânicas. Só não abuse. Elas ainda são ricas em açúcar.
Mel: os apiários são localizados em mata nativa e, entre outras coisas, as abelhas não recebem antibióticos.
Refeições prontas: já dá para comprar marmita congelada com certificação orgânica. A Organic4 é exemplo de quem vende.
Comida de bebês: marcas como Natural Babies, Empório da Papinha e até a Nestlé têm preparos sustentáveis para eles.