Um documento detalhado de 62 páginas, elaborado por Jared Isaacman, indicado por Donald Trump para liderar a Nasa, apresenta um plano ambicioso e por vezes polêmico para a agência espacial americana.
Isaacman foi indicado para o cargo após a eleição de 2024, teve sua nomeação suspensa e foi novamente considerado para liderar a agência na última terça-feira (4).
Ele confirmou a existência do documento, criado em maio de 2025, mas mencionou que algumas partes estão desatualizadas, sem especificar quais.
O plano, chamado de Project Athena, propõe reformular centros da Nasa focando em propulsão elétrica nuclear, iniciar um novo programa para explorar Marte e adotar uma estratégia de “acelerar, corrigir e eliminar” para reformar a agência.
Se essas mudanças forem implementadas, podem transformar significativamente o funcionamento e o ambiente de trabalho da Nasa.
Especialistas e membros do Congresso expressaram reservas sobre o impacto dessas alterações, considerando também que Isaacman ainda precisa ser confirmado pelo Senado.
Empresário do setor tecnológico e com experiência em voos espaciais privados, Isaacman é uma escolha incomum para o cargo, que geralmente é ocupado por cientistas, engenheiros ou servidores públicos.
Disputa interna
O documento original continha mais de 100 páginas, mas uma versão resumida de 62 páginas foi distribuída apenas para algumas autoridades do governo.
Diversas fontes indicam que o vazamento do documento pode ter sido uma estratégia para criar controvérsia e dificultar a nomeação de Isaacman.
Ele foi reconduzido ao cargo após o vazamento, e controladores da Nasa e legisladores estaduais demonstram preocupação sobre possíveis mudanças em instalações importantes da agência.
Missão a Marte e propulsão nuclear
O Project Athena prevê um novo programa chamado Olympus focado na exploração de Marte, alinhado com os planos da SpaceX de enviar uma nave não tripulada ao planeta no próximo ano.
O documento também defende o desenvolvimento da propulsão elétrica nuclear, que usa reatores nucleares para alimentar motores espaciais, proporcionando energia constante para missões de longa duração no espaço profundo.
Isaacman tem defendido publicamente essa tecnologia como crucial para o futuro da exploração espacial dos EUA.
Foco na Lua
Embora Marte seja uma meta importante, a Lua também é uma prioridade do governo, especialmente em uma renovada corrida espacial com a China, que planeja pousar seus astronautas na superfície lunar até 2030.
O projeto também contempla o suporte às missões lunares como Artemis III, embora haja debate sobre a viabilidade do uso da nave Starship da SpaceX para esses voos.
Desafios e preocupações
Algumas propostas no documento sugerem a redução do envolvimento da Nasa em áreas como pesquisa climática, o que gerou críticas por possíveis impactos negativos na coleta de dados ambientais essenciais.
A implementação do plano exige alterações significativas na forma como a agência opera e interage com o setor comercial, confiando em mercados privados para a aquisição de dados científicos.
Além disso, há preocupações sobre os cortes orçamentários, mudanças na estrutura administrativa e a reação da equipe da Nasa, que já enfrenta uma redução significativa de pessoal.
Uma liderança visionária
Isaacman é visto como um líder inovador e enérgico, com apoio dentro da indústria espacial comercial, mas sua abordagem representa uma mudança drástica em relação aos antigos métodos.
Ele afirmou que pretende adaptar seu plano com base no feedback recebido e defende os aspectos científicos da Nasa, comprometendo-se inclusive a investir recursos próprios para garantir o sucesso de projetos importantes.
Em resumo, o Project Athena busca um novo rumo para a Nasa, com metas ambiciosas, mas que ainda geram dúvidas e desafios para sua plena implementação.
