Segundo pesquisa publicada nesta quinta-feira, gene ligado a cabelos ruivos e pele clara pode ter variações que dão a um indivíduo a aparência de ser até dois anos mais velho.
Cientistas encontraram o que pode ser o primeiro gene ligado à aparência jovem. Em um estudo publicado nesta quinta-feira na revista Current Biology, uma equipe de pesquisadores de Roterdã, na Holanda, e da empresa Unilever, descreve como variações no gene MC1R, conhecido por estar ligado aos cabelos ruivos e pele clara, faz com que as algumas pessoas pareçam até dois anos mais velhas que outras da mesma idade. De acordo com os pesquisadores, a descoberta é um passo fundamental para o estudo das origens genéticas do envelhecimento, e pode ser usada para o desenvolvimento de terapias que retardem o processo.
“Pela primeira vez foi detectado um gene que explica, em parte, por que algumas pessoas parecem mais velhas e outras mais jovens do que sua idade real”, afirma Manfred Kayser, pesquisador da faculdade de medicina da Universidade Erasmus MC de Roterdã, na Holanda, principal autor do trabalho.
Genética do envelhecimento – Estudos anteriores haviam mostrado que a aparência de um indivíduo é influenciada por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. A aparência também está relacionada à expectativa de vida, sugerindo que, além dos aspectos externos, o aspecto jovial também pode ter uma ligação importante com a saúde.
Para investigar como se dão essas ligações, os cientistas pediram a um grupo de cerca de 30 voluntários que dissessem qual a idade de quase 3.000 pessoas que forneceram suas fotos e DNA para um grande banco de dados chamado Estudo Roterdã. Analisando as respostas e comparando-as com o DNA das pessoas dos retratos, os pesquisadores perceberam que variações no gene MC1R fazem com que alguns indivíduos pareçam até dois anos mais velhos que outros que não dispunham das variações. Os cientistas descartaram fatores como exposição ao sol, sexo e quantidade de rugas e repetiram os testes com outros dois grandes bancos de dados europeus. Os resultados foram confirmados.
Segundo os pesquisadores, o gene MC1R também está relacionado a processos biológicos como reparo de danos do DNA e inflamações, que pode ser a razão por que pessoas sem alterações nesses processos pareçam mais jovens. Os resultados ainda precisam ser confirmados por outros estudos maiores e com metodologias diferentes, mas os especialistas acreditam que esse é um passo importante para compreender o processo de envelhecimento – e, prever formas de retardá-lo.
“Acreditamos que a aparência é um dos melhores meios para medir se uma pessoa envelhece ‘bem’ e esperamos que ela possa nos levar a grandes avanços na pesquisa de envelhecimento e saúde em um futuro muito próximo”, afirmou o cientista David Gunn, um dos autores do estudo.