Os recentes ataques israelenses contra o Irã resultaram na morte de figuras importantes do regime, como generais influentes — Hossein Salami, comandante da Guarda Revolucionária, e Mohammad Bagheri, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, considerado o segundo homem mais poderoso do país.
O líder mais influente do Irã é o aiatolá Ali Khamenei, que permaneceu ileso. Três autoridades americanas revelaram à CBS News que o então presidente dos EUA, Donald Trump, orientou Israel a poupar o líder supremo iraniano, que tem 86 anos.
Khamenei ocupa a liderança do país há 35 anos, acumulando funções políticas e religiosas, atuando como chefe de Estado e comandante supremo, detendo a palavra final sobre as políticas públicas iranianas.
Ele ficou cinco anos sem aparecer em público, até romper esse jejum em outubro passado com um sermão em uma mesquita em Teerã, logo após a morte de seu antigo aliado Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah. Na ocasião, afirmou que Israel não teria longa duração, contudo, seus ataques continuam produzindo resultados contra os aliados de Teerã, incluindo Hezbollah e Hamas.
Khamenei estruturou o sistema político iraniano para garantir seu controle, tendo superado crises com países vizinhos e potências ocidentais. Ele é o líder de Estado com maior tempo no cargo no Oriente Médio.
Ascensão ao poder
Nascido em 1939 em Mashhad, no leste do Irã, Khamenei se formou na década de 1960, envolvendo-se em movimentos contra o regime do xá Mohammad Reza Pahlevi. Estudou religião em Qom, sendo influenciado pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, líder da oposição conservadora.
Participou ativamente da Revolução Iraniana de 1979 e tornou-se próximo de Khomeini. Em 1980, Khomeini nomeou-o para liderar a tradicional oração de sexta-feira em Teerã.
Em 1981, sobreviveu a um atentado a bomba que o deixou parcialmente paralisado. No mesmo ano, foi eleito presidente da república islâmica com 95% dos votos, sendo o primeiro clérigo a ocupar o cargo, reforçando o domínio religioso sobre o Estado. Foi reeleito em 1985 e permaneceu no cargo até 1989, quando sucedeu Khomeini como líder supremo após a morte deste.
Na época, houve uma manobra constitucional para permitir sua nomeação, pois ainda não detinha o grau de marja exigido para a função. Contudo, foi confirmado no cargo pela Assembleia dos Peritos.
Consolidação e controle
Khamenei rapidamente consolidou seu poder, suprimindo opositores e fortalecendo estruturas paralelas dentro do Estado para manter o controle, como a Guarda Revolucionária do Irã.
Ao longo das décadas, ampliou sua influência política, fomentando o culto à sua personalidade. Relatórios da Reuters indicaram que controla um vasto império financeiro, utilizado para sustentar suas iniciativas políticas.
Durante seu governo, reprimiram-se protestos e opositores, incluindo jornalistas e intelectuais. A região enfrentou protestos intensos em 2022, após a morte de Mahsa Amini sob custódia da polícia moral, os maiores em décadas, com repressão severa e centenas de mortos segundo organizações de direitos humanos.
Política externa e desafios
Khamenei também apoia financeiramente e militarmente grupos aliados para confrontar Israel indiretamente, como Hezbollah, Hamas e houthis, formando o chamado Eixo da Resistência.
Recentemente, esses grupos sofreram perdas significativas. O ataque do Hamas em outubro de 2023 desencadeou uma resposta israelense devastadora. Em setembro de 2024, líderes do Hezbollah foram mortos em operações israelenses, incluindo Hassan Nasrallah. Os houthis também enfrentam ofensivas, incluindo dos EUA. O aliado sírio Bashar al-Assad foi deposto em dezembro passado.
Este artigo apresenta uma visão abrangente sobre a trajetória e a influência do aiatolá Ali Khamenei como líder do Irã.